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motor_ind2.png
Figura 107-01
rotor_trifasico.png
Figura 107-02



fasorial107-1J.png
Figura 107-03

equa107-1J.png
equa107-1aJ.png
equa107-2J.png
Velocidade Síncrona ( em rpm )
Número de Polos 50 Hz 60 Hz
2 3.000 3.600
4 1.500 1.800
6 1.000 1.200
8 750 900
10 600 720
12 500 600

    4.   Escorregamento em um Motor de Indução

    A tensão induzida nas barras do rotor de um motor de indução depende da velocidade do rotor em relação aos campos magnéticos. Assim, dois termos são comumente utilizados para definir o movimento relativo do rotor e dos campos magnéticos. Um deles é a velocidade de escorregamento, nesc, definida como a diferença entre a velocidade síncrona, nsync e a velocidade do rotor, nr, ou:


equa107-3J.png
    eq.   107-03

    O outro termo usado para descrever o movimento relativo é o escorregamento, normalmente representado por s, que é a velocidade relativa expressa em uma base por unidade ou porcentagem. Isto é, o escorregamento é definido como

equa107-4J.png
    eq.   107-04

    Observe que da eq. 107-03 podemos isolar nr em função do escorregamento e da velocidade síncrona, obtendo:

equa107-5J.png
    eq.   107-05

    Cabe salientar que podemos obter os mesmos resultados quando substituímos nas equações acima a letra n pela letra grega ω, onde ω corresponde à velocidade angular dada em rad/s.

    Observe que, se o rotor estiver girando na velocidade síncrona, então s = 0, ao passo que, se o rotor estiver estacionário, então s = 1. Logo, as velocidades normais de um motor estão entre esses dois limites.


    5.   Modelagem do Circuito do Rotor

    Em um motor de indução, quando a tensão é aplicada aos enrolamentos de estator, uma tensão é induzida nos enrolamentos do rotor da máquina. Em geral, quanto maior o movimento relativo entre os campos magnéticos do rotor e do estator, maiores serão a tensão e a frequência do rotor. O movimento relativo máximo ocorre quando o rotor está parado. Essa condição é denominada rotor bloqueado ou travado, de modo que a maior tensão e a maior frequência do rotor são induzidas com o rotor nessa condição. A menor tensão (0 V) e a menor frequência (0 Hz) ocorrem quando o rotor está se movendo com a mesma velocidade que o campo magnético do estator, resultando um movimento relativo nulo. O valor e a frequência da tensão induzida no rotor para qualquer velocidade entre esses extremos é diretamente proporcional ao escorregamento do rotor. Denominando a tensão induzida no rotor, quando este encontra-se bloqueado, por EA0, podemos determinar a tensão induzida no rotor para qualquer escorregamento, dada pela eq. 107-06.


equa107-6J.png
    eq.   107-06

    Seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos dizer que a frequência da tensão induzida no rotor para qualquer escorregamento será dada pela eq. 107-07.

equa107-7J.png
    eq.   107-07

    Evidentemente o rotor posui um determinado valor de resistência e de reatância. Chamando a resistência do rotor de RR, podemos considerar que ela apresenta um valor constante e é independente do escorregamento. Por sua vez, a reatância do rotor depende de forma mais complexa do escorregamento.

    Considerando a indutância do rotor, representada por LR, sabemos que a reatância depende dessa indutância e da frequência do rotor. Então, podemos escrever a eq. 107-08, onde representamos a reatância do rotor como XR.

equa107-8J.png
    eq.   107-08

    Considerando a eq. 107-07, temos:

equa107-9J.png
    eq.   107-09

    Sabemos que quando o rotor está bloqueado temos s = 1. Assim, podemos definir a reatância do rotor bloqueado por XR0 e dada pela eq. 107-10.

equa107-10J.png
    eq.   107-10

    Portanto, juntando a eq. 107-09 e a eq. 107-10, vamos obter a eq. 107-11 que explicita o valor de XR em função de XR0 e s, ou seja:

equa107-11J.png
    eq.   107-11

    Após a apresentação dessas definições podemos apresentar o modelo elétrico do circuito do rotor conforme mostra a Figura 107-04.

circ107-4J.png
Figura 107-04

    Baseado no modelo elétrico podemos determinar a corrente IR que circula no rotor. Então:

equa107-12J.png
    eq.   107-12

    Sabendo que ER = s ER0, podemos fazer um arranjo algébrico na eq. 107-12 e escrever:

equa107-13J.png
    eq.   107-13

    Cabe salientar que as duas equações acima parecem ser a mesma mas não são. Enquanto a primeira (eq. 107-12) está referida à frequência da tensão induzida no rotor (fr), a segunda está referida à frequência do estator (fs). Ou seja, a eq. 107-13 mostra o que ocorre no rotor quando é "visto" do lado do estator.

    E a partir dessa equação podemos refazer o modelo elétrico do rotor conforme mostra a Figura 107-05.

circ107-5J.png
Figura 107-05

    Observe que quando o escorregamento é muito baixo, isto é, o rotor gira próximo à velocidade síncrona, o termo resistivo é muito maior que a reatância do rotor, havendo uma predominância da resistência do rotor, e com isso, a corrente varia linearmente com o escorregamento. E quando o escorregamento é elevado, isto é, a máquina gira lentamente (ou está parada), XR0 é muito maior do que RR / s e a corrente do rotor aproxima-se de um valor de regime permanente nesta situação.


    6.   Modelo do Circuito Equivalente Final

    Para obter o circuito equivalente final por fase de um motor de indução é necessário que a parte do rotor no modelo seja referida ao lado do estator. O modelo do circuito do rotor que será referido para o lado do estator é o modelo mostrado na Figura 107-05, que tem todos os efeitos de variação de velocidade concentrados no termo de impedância.

    Quando estudamos transformadores no Capítulo 91, vimos que era possível referir tensões, correntes e impedâncias do secundário para o primário através das equações eq. 91-02 e eq. 91-03. Esse mesmo tipo de transformação pode ser aplicada no caso do rotor de um motor de indução. Definindo a relação de transformação efetiva como aef, então a tensão do rotor pode ser expressa como:

equa107-14J.png
    eq.   107-14

    Dessa mesma forma podemos escrever a corrente do rotor como

equa107-15J.png
    eq.   107-15

    E a impedância do rotor pode ser definida como

equa107-16J.png
    eq.   107-16

    E agora vamos adotar as seguintes definições:

equa107-17J.png
    eq.   107-17
equa107-18J.png
    eq.   107-18

    Adotando essas definições acima, estamos aptos a mostrar o modelo elétrico final do motor de indução conforme pode ser visto na Figura 107-06.


circ107-6J.png
Figura 107-06

    Na prática é muito difícil conhecer ou medir esses parâmetros do motor de indução tipo gaiola de esquilo. No entanto, existem métodos práticos para se medir a resistência do rotor, R2, e a reatância, X2. Apresentaremos esses métodos mais adiante.


    7.   Perdas em um Motor de Indução

    Um motor de indução pode ser descrito basicamente como um transformador rotativo. Em um motor de indução comum, os enrolamentos do secundário (rotor) estão em curto-circuito, de modo que não há saída elétrica. Em vez disso, a saída é mecânica.

    Ao declararmos a potência nominal de um motor em HP ou em kW, isso significa que essa potência é a potência disponível no eixo do motor, Pn. A potência que o rotor deve desenvolver é a potência nominal, Pn, mais as perdas associadas ao eixo, como as perdas da ventoinha (pois ela está acoplada ao eixo) e as perdas por fricção nos mancais que sustentam o rotor no seu devido lugar. Além disso devemos somar as perdas no cobre do rotor, que vamos denominar por Pjr (perdas joule no rotor). Então, podemos representar a potência que o rotor deve desenvolver por Pgap. O porquê dessa denominação vamos explicar mais adiante. Dessa forma, podemos escrever:

equa107-19J.png
    eq.   107-19

    onde as variáveis envolvidas são:

  • Pn é a potência nominal do motor;
  • Pw é a potência referente às perdas da ventoinha or ventilação;
  • Pfr é a potência devido às perdas por fricção ou atrito;
  • Pjr é as perdas joule no cobre do rotor.

    Cabe ressaltar que muitos autores costumam reunir em uma única variável a soma das perdas da ventoinha com as perdas de fricção e passam a denominá-la de perdas rotacionais, representada por Prot. Neste caso, temos Prot = Pw + Pfr.

    As perdas no núcleo de um motor de indução vêm parcialmente do circuito do estator e parcialmente do circuito do rotor. Como um motor de indução opera normalmente com uma velocidade próxima da velocidade síncrona, o movimento relativo dos campos magnéticos sobre a superfície do rotor é muito lento e as perdas no núcleo do rotor são muito pequenas em comparação com as do estator.

    Quanto maior a velocidade de um motor de indução, maiores serão as perdas por atrito e ventilação . Por outro lado, quanto maior for a velocidade do rotor (até nsync), menores serão suas perdas no núcleo. Portanto, essas três categorias de perdas são algumas vezes combinadas e denominadas perdas rotacionais. As perdas rotacionais totais de um motor são frequentemente consideradas constantes com velocidade variável, porque as diversas perdas variam em sentidos opostos com a mudança de velocidade.

    Depois de analisar o rotor e a potência que o mesmo deve receber para conseguir a potência nominal no eixo do motor, vamos analisar o circuito do estator. Começamos com as perdas joule no enrolamento do estator que, conforme o modelo da Figura 107-06, é dada por PE = 3 R1 . I12, onde PE são as perdas nas três fases do estator. Além disso, podemos acrescentar as perdas por histerese e correntes parasitas no núcleo do estator, que vamos denominar por Piron. Assim, a potência de entrada da máquina supre essas perdas, mais a potência necessária que deve ser transferida para o rotor através do entreferro entre o rotor e o estator. Essa potência é denominada de potência de entreferro, que representamos anteriormente por Pgap. Portanto, se desejarmos calcular a potência nominal do motor, ou seja, a potência no eixo do motor, podemos reescrever a eq. 107-19 da seguinte forma:

equa107-20J.png
    eq.   107-20

    Levando em consideração o que foi exposto acima, podemos encontrar a potência consumida pelo motor em relação à rede de alimentação.

equa107-21J.png
    eq.   107-21

    Devemos relembrar que, eletricamente, a potência consumida pelo motor, levando em consideração o fator de potência (FP = cos φ), é dada pela eq. 107-23.

equa107-22J.png
    eq.   107-22

    onde as variáveis envolvidas são:

  • Pin -   potência de entrada do motor em watts;
  • VL -   tensão de linha da rede de alimentação em volts;
  • IL -   corrente de linha (IL = I1 conforme Figura 107-06) em ampére;
  • φ -   ângulo de defasagem entre VL e IL.

    Para completar este item vamos calcular a eficiência ou rendimento do motor, dada pela eq. 107-23.

equa107-23J.png
    eq.   107-23


    8.   Potência e Torque em um Motor de Indução

    Neste item vamos calcular a potência e o torque desenvolvido pelo motor de indução. Inicialmente, baseado no circuito da Figura 107-06 e observando com atenção o circuito, é possível perceber que o único elemento que pode consumir a potência desenvolvida no entreferro é o resistor representado por R2 / s. Então, podemos expressar a potência no entreferro pela eq. 107-24.

equa107-24J.png
    eq.   107-24

    As perdas no núcleo do rotor pode ser expressa pela eq. 107-25.

equa107-25J.png
    eq.   107-25

    As perdas no cobre do rotor pode ser expressa pela eq. 107-26.

equa107-26J.png
    eq.   107-26

    Note que substituindo a eq. 107-26 na eq. 107-24 facilmente concluímos que:

equa107-27J.png
    eq.   107-27

    Depois que as perdas no cobre do estator, no núcleo e no cobre do rotor são subtraídas da potência de entrada do motor, a potência restante é convertida da forma elétrica para a mecânica. Essa potência convertida, algumas vezes denominada potência mecânica desenvolvida, é dada por

equa107-289J.png
    eq.   107-28

    Se, na equação acima, substituirmos as variáveis pelos seus respectivos valores, conforme as equações eq. 107-24 e eq. 107-26, podemos escrever a eq. 107-28 após um trabalho algébrico, ou

equa107-29J.png
    eq.   107-29

    Portanto, quanto menor o escorregamento do motor, menores serão as perdas no rotor da máquina. Observe também que, se o rotor não estiver girando, o escorregamento será s = 1 e a potência de entreferro será consumida inteiramente no rotor.

    Note também que, associando as equações eq. 107-27 e eq. 107-28, podemos escrever outra relação entre a potência no entreferro e a potência mecânica, ou seja:

equa107-30J.png
    eq.   107-30

    E, finalmente, se conhecemos as perdas por ventilação e atrito podemos calcular a potência de saída ou nominal do motor através da eq. 107-31.

equa107-31J.png
    eq.   107-31

    Para concluir este item vamos calcular o torque que o motor desenvolve. Sabemos que o torque é dado pelo quociente entre a potência e a velocidade angular. Então, vamos expressar essa quantidade em função da potência desenvolvida no entreferro e a velocidade angular síncrona dada através da eq. 107-32.

equa107-32J.png
    eq.   107-32

    O torque dado pela eq. 107-32 é o torque induzido no rotor do motor. Não é o torque no eixo do motor. Este torque, conhecido como torque nominal ou de saída, atua diretamente na carga. Por isso vamos denominá-lo de τload, indicando que ele atua sobre a carga. E é dado pela eq. 107-33.

equa107-33J.png
    eq.   107-33


    9.   Modificações no Modelo do Circuito Equivalente

    Parte da potência que flui no entreferro de um motor de indução é consumida como perdas no cobre do rotor, representada pela fração s, enquanto a outra parte é convertida em potência mecânica para acionar o eixo do motor, representada pela fração 1 - s. Assim, é evidente que desta afirmativa vemos que um motor de indução operando com alto escorregamento é um motor extremamente ineficiente. Então, é possível separar essas duas partes da potência de entreferro e expressá-las separadamente no circuito equivalente do motor.

    A eq. 107-24 fornece uma expressão da potência total de entreferro para um motor de indução, ao passo que a eq. 107-26 dá as perdas reais no rotor do motor. A potência de entreferro é a potência que seria consumida em um resistor de valor R2 / s, ao passo que as perdas no cobre do rotor são expressas pela potência que seria consumida em um resistor de valor R2. A diferença entre elas é Pmec   e seria a potência consumida em um resistor de valor conforme a eq. 107-33.

equa107-34J.png
    eq.   107-34

    A Figura 107-07 mostra o circuito equivalente por fase onde se pode ver, na forma de elementos distintos de circuito, as perdas no cobre do rotor e a potência convertida para a forma mecânica.


circ107-7J.png
Figura 107-07


    10.   Equivalente Thévenin do Motor de Indução

    Sabemos que a potência de entreferro é a potência que cruza a lacuna de ar existente entre o circuito de estator e o de rotor. Ela é igual à potência absorvida na resistência R2 / s. Uma maneira possível de encontrar essa potência é calcular a corrente do rotor, I2, pois já estudamos a eq. 107-24 que nos fornece a potência total no entreferro. Por questões didáticas vamos repeti-la abaixo.

equa107-24J.png
    eq.   107-24

    Assim, se houver uma maneira de determinar I2, então a potência de entreferro e o conjugado induzido serão conhecidos. Uma das formas mais simples para determinar essa corrente é utilizando o equivalente Thévenin do circuito que encontra-se à esquerda do circuito do rotor. Relembrando que o teorema de Thévenin afirma que qualquer circuito linear que pode ser separado por dois terminais do resto do sistema, pode ser substituído por uma única fonte de tensão em série com uma impedância equivalente. Se isso fosse feito com o circuito equivalente do motor de indução, o circuito resultante seria uma combinação simples de elementos em série.

    Para calcular o equivalente de Thévenin do lado da entrada do motor de indução, primeiro devemos eliminar o circuito do rotor, conforme mostra a Figura 107-08.

circ107-8J.png
Figura 107-08

    Para calcular a tensão de Thévenin podemos empregar um divisor de tensão. Denominando de Zx a soma de todos os componentes, temos:

equa107-35J.png
    eq.   107-35

    Aplicando o divisor de tensão, obtemos:

equa107-36J.png
    eq.   107-36

    Se houver interesse no cálculo do módulo da tensão de Thévenin, então devemos definir o módulo da impedância Zx, que vamos representar como Zx2, conforme a equação eq. 107-37.

equa107-37J.png
    eq.   107-37

    Desta forma, o módulo da tensão de Thévenin é dado pela eq. 107-38.

equa107-38J.png
    eq.   107-38

    Porém, levando em consideração que ( X1 + Xm )2 >> R12 , podemos reescrever a eq. 107-38 conseguindo uma ótima aproximação através da eq. 107-39.

equa107-39J.png
    eq.   107-39

    Podemos definir a fração que aparece na eq. 107-39 como Kth = Xm / X1 + Xm. Então, podemos escrever:

equa107-40J.png
    eq.   107-40

    Para calcular a impedância de Thévenin vamos defini-la como ZTH = RTH + j XTH. O circuito utilizado para o cálculo é apresentado na Figura 107-09, onde a fonte de tensão VF foi curto-circuitada para ser possível aplicar o teorema de Thévenin.

circ107-8J.png
Figura 107-09

    Então, para encontrarmos o valor de ZTH devemos encontrar o paralelo das impedâncias mostradas no circuito. Logo, aplicando a regra básica de duas impedâncias em paralelo, temos:

equa107-41J.png
    eq.   107-41

    Novamente, considerando que ( X1 + Xm )2 >> R12 podemos aproximar a eq. 107-41 pela eq. 107-42, ou seja:

equa107-42J.png
    eq.   107-42

    Como definimos anteriormente a variável Kth, então podemos escrever a eq. 107-42 como:

equa107-43J.png
    eq.   107-43

    E, considerando que ( X1 + Xm )2   >>   R12 podemos escrever a equação que aproxima o valor de XTH.

equa107-44J.png
    eq.   107-44


    11.   Cálculo da Corrente no Rotor e Potência

    Com o cálculo do equivalente de Thévenin no item anterior, podemos mostrar o circuito equivalente do motor de indução conforme mostra a Figura 107-10.

circ107-8M.png
Figura 107-10

    Com o modelo do circuito equivalente facilmente calculamos o valor de I2. Para isso vamos encontrar a impedância equivalente de todo o circuito.

equa107-45J.png
    eq.   107-45

    Portanto, para calcularmos o valor de I2 basta aplicar a lei de Ohm, ou:

equa107-46J.png
    eq.   107-46

    E para encontrarmos o módulo da corrente I2 vamos definir a variável |Zeq| através da eq. 107-47.

equa107-47J.png
    eq.   107-47

    Dessa forma podemos encontrar o módulo da corrente I2 usando a eq. 107-48.

equa107-48J.png
    eq.   107-48

    Vamos relembrar que a potência no entreferro do motor é dado pela eq. 107-24, repetida abaixo.

equa107-24J.png
    eq.   107-24

    Para calcularmos essa potência vamos definir a variável Z'eq dado pela eq. 107-49 abaixo.

equa107-49J.png
    eq.   107-49

    Substituindo na eq. 107-24 o valor de I2 dado pela eq. 107-48, vamos encontrar a potência de entreferro em função dos valores do equivalente de Thévenin. Logo:

equa107-50J.png
    eq.   107-50

    Vamos relembrar que o torque induzido do motor é dado pela eq. 107-32, repetida abaixo.

equa107-32J.png
    eq.   107-32

    Substituindo na eq. 107-32 o valor de Pgap dado pela eq. 107-50, vamos encontrar o torque induzido do motor em função dos valores do equivalente de Thévenin. Assim:

equa107-51J.png
    eq.   107-51

    A Figura 107-11 mostra um gráfico do torque de um motor de indução em função da velocidade (e do escorregamento).

torque107-11J.png
Figura 107-11

    Do gráfico mostrado na Figura 107-11 podemos tirar as seguintes informações:

  • 1. -   O conjugado induzido do motor é zero na velocidade síncrona;
  • 2. -   A curva de conjugado versus velocidade é aproximadamente linear entre carga a vazio e plena carga. Nessa faixa, a resistência do rotor é muito maior do que sua reatância. Desse modo, a corrente do rotor, o campo magnético do rotor e o conjugado induzido aumentam linearmente com o escorregamento crescente;
  • 3 -   Há um conjugado máximo possível que não pode ser excedido. Esse conjugado, denominado conjugado máximo, é 2 a 3 vezes o conjugado nominal de plena carga do motor;
  • 4 -   O conjugado de partida do motor é ligeiramente superior a seu conjugado de plena carga, de modo que esse motor colocará em movimento qualquer carga que ele puder acionar a plena potência;
  • 5 -   Observe que o conjugado do motor para um dado escorregamento varia com o quadrado da tensão aplicada. Esse fato é útil em uma das formas de controle de velocidade dos motores de indução.

    A Figura 107-12 mostra uma curva característica de conjugado versus velocidade de um motor de indução, mostrando as faixas estendidas de operação, onde se vê a região de frenagem e a região como gerador.

torque107-12J.png
Figura 107-12

    Observando o gráfico mostrado na Figura 107-12 podemos tirar as seguintes conclusões:

  • 1. -   Se o rotor do motor de indução for acionado mais rapidamente do que a velocidade síncrona, então o sentido do conjugado induzido inverte-se e a máquina torna-se um gerador, convertendo potência mecânica em elétrica;
  • 2. -   Se o motor estiver girando para trás em relação ao sentido dos campos magnéticos, então o conjugado induzido na máquina freará a máquina muito rapidamente e tentará fazer com que ela gire no sentido oposto. Como a inversão do sentido de rotação do campo magnético é simplesmente uma questão de chaveamento de duas fases quaisquer do estator, esse fato pode ser usado para frear muito rapidamente um motor de indução. O ato de permutar duas fases por chaveamento, para frear o motor muito rapidamente, é denominado frenagem por inversão de fases.


    12.   Torque Máximo do Motor de Indução

    Como o conjugado induzido é dado pela eq. 107-32, o conjugado máximo possível ocorre quando a potência de entreferro é máxima. Como a potência de entreferro é igual à potência consumida no resistor R2 /s, o conjugado máximo induzido ocorrerá quando a potência consumida por esse resistor for máxima.

    Em uma situação na qual o ângulo da impedância de carga é fixo, o teorema da transferência máxima de potência afirma que essa transferência máxima de potência para o resistor de carga R2 /s ocorrerá quando o valor da impedância for igual ao valor da impedância da fonte. O módulo da impedância da fonte, Zf , é dada pela eq. 107-52.

equa107-52J.png
    eq.   107-52

    Logo, a transferência máxima de potência ocorre quando R2 /s = Zf . Dessa relação podemos encontrar o escorregamento para conjugado máximo, smax, fazendo uma manipulação algébrica na relação mostrada neste parágrafo e chegando a eq. 107-53.

equa107-53J.png
    eq.   107-53

    Observe que a resistência de rotor referida R2 aparece apenas no numerador. Assim, o escorregamento do rotor no conjugado máximo é diretamente proporcional à resistência do rotor.

    O valor do conjugado máximo pode ser encontrado inserindo a expressão para o escorregamento de conjugado máximo na equação de conjugado conforme a eq. 107-51. Assim, a equação resultante de conjugado máximo é

equa107-54J.png
    eq.   107-54

    Esse conjugado é proporcional ao quadrado da tensão de alimentação e relaciona-se também com o inverso das impedâncias de estator e de rotor. Quanto menores forem as reatâncias de uma máquina, maior será o conjugado máximo que ela é capaz de alcançar. Observe que o escorregamento para o qual ocorre o conjugado máximo é diretamente proporcional à resistência do rotor, R2, mas o valor do conjugado máximo independe do valor dessa resistência conforme a eq. 107-54.



    13.   Partida em um Motor de Indução

    Em muitos casos, a partida dos motores de indução pode ser feita simplesmente ligando-os diretamente à linha de potência. Isso só é possível se o motor é de baixa potência, no máximo 10 HP. Entretanto, algumas vezes há razões para não proceder assim. Por exemplo, a corrente de partida pode causar tal queda de tensão temporária no sistema de potência que torna inaceitável a partida com ligação direta à linha. Esse é o caso de motores de alta potência, acima de 10 HP.

    No caso de motores de indução de enrolamento bobinado, a partida pode ser feita com correntes relativamente baixas inserindo resistências extras no circuito do rotor durante a partida. Essas resistências não só aumentam o conjugado de partida, como também reduzem a corrente de partida.

    No caso de motores de indução de gaiola de esquilo, a corrente de partida pode variar amplamente dependendo fundamentalmente da potência nominal do motor e da resistência efetiva do rotor nas condições de partida. Para estimar a corrente do rotor nas condições de partida, todos os motores de gaiola têm agora uma letra de código de partida (não confundir com a letra da sua classe de projeto) nas suas placas de identificação. A letra de código especifica limites para a quantidade de corrente que o motor pode consumir na partida.

    Esses limites são expressos em termos da potência aparente de partida do motor em função da sua especificação nominal de potência (HP). A Tabela 107-01 é uma tabela que contém os quilovolts-ampères por HP para cada letra de código.


Tabela 107-01
Letra do Código de Partida Rotor Bloqueado,   kVA/HP
A 0   a   3,15
B 3,15   a   3,55
C 3,55   a   4,00
D 4,00   a   4,50
E 4,50   a   5,00
F 5,00   a   5,60
G 5,60   a   6,30
H 6,30   a   7,10
J 7,10   a   8,00
K 8,00   a   9,00
L 9,00   a   10,00
M 10,00   a   11,20
N 11,20   a   12,50
P 12,50   a   14,00
R 14,00   a   16,00
S 16,00   a   18,00
T 18,00   a   20,00
U 20,00   a   22,40
V 22,40   e   acima



       Como Usar a Tabela

    Vamos considerar o seguinte exemplo. Seja um motor de indução trifásico de 20 HP operando em 220 V e código de partida com a letra F.

    De acordo com a Tabela 107-01, o máximo de quilovolts-ampére por HP é 5,6. Logo, o máximo de quilovolts-ampére de partida deste motor é:


    Sstart  =  15 (HP) x 5,6  =  84   kVA

    Então, a corrente de partida do motor será:

    IL  =  Sstart / √3 VT  =  84 kVA / √3 x 220 V

    Efetuando o cálculo, encontramos:


    IL  =  220   A

    Quando a corrente de partida é muito alta, há necessidade de se reduzir adotando um circuito de partida adequado. Porém, devemos considerar que quando reduzimos a corrente de partida o conjugado de partida do motor também será reduzido.

    Vamos estudar algumas alternativas para resolver esse problema.



        13.1   Conexão Delta - Estrela

    É normal que os fabricante forneçam seus motores de maior potência com seis terminais, onde cada dois terminais representam o enrolamento de uma fase. Neste caso, é possível conectar o motor em uma ligação Delta ou Estrela. Então, uma maneira de se reduzir a corrente de partida de um motor de indução é conectá-lo na configuração Estrela no ato da partida. Depois que o motor alcançar uma rotação próxima da rotação de trabalho, muda-se a conexão para uma configuração Delta. Este procedimento é viável, pois na conexão Estrela a tensão sobre o enrolamento de fase do motor é igual a tensão de linha dividido pelo fator √3 menor. Dessa forma, com uma tensão menor em seus terminais a corrente de partida é reduzida pelo fator √3. Em geral, podemos afirmar que o torque de partida varia com o quadrado da tensão aplicada por fase. Dessa forma, em uma ligação estrela, a tensão de fase é 1 / √3 a tensão de linha. Logo, o torque é reduzido em 3 vezes em relação à ligação delta. Assim, uma corrente menor vai produzir um torque de partida menor. Quando for possível dar partida ao motor com uma corrente de partida de aproximadamente 58% da corrente de partida nominal, este método, que é razoavelmente de baixo custo, é frequentemente empregado.

    O chaveamento da conexão Estrela para a conexão Delta deve ser feito tão rápido quanto possível para eliminar grandes correntes transitórias devido à momentânea perda de potência. Por esta razão, dar-se-á preferência às chaves com mola acoplada, de dupla posição, em detrimento as chaves simples tipo faca.



        13.2   Uso de Autotransformadores

    Neste caso, é possível usar autotransformadores para reduzir a tensão de alimentação do motor. Quando o motor atingir uma rotação próxima da rotação de operação, retira-se o autotransformador do circuito e o motor passa a ser alimentado diretamente pela rede.

    Devemos entender que ao reduzirmos a tensão de alimentação a corrente também diminui na mesma proporção. No entanto, o conjugado (torque) de partida diminui com o quadrado da tensão aplicada. Assim, ao aplicarmos esta técnica é importante verificar se a corrente de partida produz o torque necessário para dar partida à carga acoplada ao eixo do motor.


    15.   Classes do Motor de Indução

    O desenvolvimento do rotor de gaiola dupla criou uma tal versatilidade em relação ao projeto dos motores de indução que conduziu a uma variedade de características torque-escorregamento. Ajustando convenientemente o enrolamento de gaiola dupla, os fabricantes desenvolveram numerosas variantes do projeto de rotor fundido único ou normal. Para distinguir entre os vários tipos disponíveis, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com base em estudos da National Electrical Manufacturer's Association (NEMA), adotou um sistema de código alfabético, no qual cada tipo de motor de indução de rotor em gaiola se situa numa certa categoria designada por uma letra.

    Basicamente existem quatro tipos de motor de indução. Temos as classes A, B, C e D. Vamos descrevê-las separadamente.


        15.1   Classe A

    O motor da classe A é um motor de indução do tipo gaiola normal construído para uso em velocidade normal. A reatância X2 do circuito equivalente de um motor de indução representa a forma referida ao estator da reatância de dispersão do rotor. Em geral, quanto mais distante do estator estiver a barra de rotor, ou uma parte sua, maior será a reatância de dispersão, porque uma porcentagem menor do fluxo da barra alcançará o estator. Portanto, se as barras de um rotor de gaiola de esquilo forem colocadas próximas da superfície do rotor, elas terão apenas um pequeno fluxo de dispersão e a reatância X2 será pequena no seu circuito equivalente. Por outro lado, se as barras forem colocadas mais profundamente na superfície do rotor, haverá mais dispersão e a reatância do rotor X2 será maior.

    Fazendo as barras do rotor com um tamanho grande e posicionadas próximas à superfície do rotor, essa forma construtiva apresentará uma resistência baixa (devido à sua seção reta grande) e uma reatância de dispersão (X2) baixa (devido à localização da barra próximo do estator). Como a resistência do rotor é baixa, o conjugado máximo estará bem próximo da velocidade síncrona (veja a eq. 107-53) e o motor será bem eficiente.

    Devido a boa eficiência desse motor , muito pouco da potência de entreferro será perdida na resistência do rotor. Entretanto, como R2 é pequena, o conjugado de partida do motor está situado entre 1,5 a 2 vezes o conjugado nominal a plena carga. E a sua corrente de partida será elevada, variando entre 5 a 7 vezes a corrente nominal, tornando-o menos desejável para partida direta, principalmente para motores com potência superior a 5 HP.

    Esse tipo de forma construtiva é denominado classe A de projeto pela National Electrical Manufacturers Association (NEMA). É aproximadamente um motor de indução típico, sendo as suas características basicamente as mesmas de um motor de rotor bobinado sem inserção de resistência extra. Sua característica de conjugado versus velocidade está mostrada na Figura 107-13.


        15.2   Classe B

    Os motores da classe B possuem um conjugado de partida pouco abaixo do normal, um baixo escorregamento e uma corrente de partida menor. Essa classe possui um enrolamento mais profundamente engastado nas ranhuras do rotor ocasionando com isso um aumento na reatância de partida do motor. O aumento na reatância de partida reduz um pouco o torque de partida, mas reduz também a corrente de partida. Atualmente, os motores da classe B vêm substituindo os motores da classe A.


        15.3   Classe C

    Os motores da classe C têm um conjugado de partida elevado, baixa corrente de partida e baixo escorregamento (inferior a 5%) com plena carga. O conjugado máximo é ligeiramente inferior ao dos motores da classe A, ao passo que o conjugado de partida é até 250% o conjugado a plena carga. Esses motores são construídos com rotores de dupla gaiola de esquilo, de modo que eles são mais caros do que os motores das classes anteriores. Eles são usados para cargas com elevados conjugados de partida, como bombas, compressores e esteiras transportadoras, todos inicialmente já carregados. Entretanto, quando usados com cargas de elevada inércia possuem uma dissipação térmica limitada.


        15.4   Classe D

    Os motores da classe D têm um conjugado de partida muito elevado (275% ou mais o conjugado nominal) e uma corrente de partida baixa. Eles também têm um escorregamento elevado com plena carga. São basicamente motores de indução comuns da classe A, cujas barras de rotor são menores e feitas de um material de maior resistividade. A alta resistência do rotor desloca o conjugado de pico até uma velocidade muito baixa. Por isso esses motores são conhecidos como motor com rotor de alta resistência.

    O escorregamento de plena carga desses motores é bem elevado, devido à elevada resistência de rotor; tipicamente, é de 7 a 11%, mas podem chegar até 17% ou mais. Esses motores são usados em aplicações que exigem a aceleração de cargas com inércia extremamente elevada, especialmente os grandes volantes usados em prensas de perfuração, estampagem ou corte.



    16.   Determinação dos Parâmetros de um M. I. T.

    Em desenvolvimento.   Aguarde!!