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equa105-2J.png

    Após essas considerações e supondo uma máquina síncrona trifásica, podemos encontrar o valor de pico da tensão induzida em qualquer uma das fases simplesmente usando a equação acima para seu valor máximo, ou seja, quando ω t = 0. Assim:

    EAmax  =  Φmax N ω

    Porém, como sabemos, ω = 2 π f. Então é possível escrever:

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    eq.   105-2a

    Logo, é possível determinar o valor eficaz ou RMS da tensão induzida em qualquer uma das fases da máquina, dividindo o valor encontrado por √2, obtendo a eq. 105-03, ou:

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    eq.   105-03

    Na literatura técnica a eq. 105-03 é mais conhecida pelo formato da eq. 105-3a onde foi efetuado o produto √2 π.

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    eq.   105-3a

    A tensão eficaz nos terminais da máquina dependerá de o estator estar ligado em Y ou em delta. Se a máquina estiver ligada em Y, a tensão nos terminais será √3 EA. Se a máquina estiver ligada em delta, a tensão nos terminais será simplesmente igual a EA.

    Da eq. 105-03 é possível tirar as seguintes conclusões:
  • O valor eficaz das tensões nos terminais da máquina é proporcional ao número de espiras, a intensidade do campo indução magnético e à velocidade de rotação da máquina.

  • Para que a frequência seja constante é necessário que a velocidade do rotor seja constante.

  • Mantendo a velocidade constante, o valor eficaz das tensões pode ser modificado através da variação do campo indutor.


    5.   Modelo Elétrico da Máquina Síncrona

    Vamos desenvolver um modelo de circuito elétrico equivalente que usaremos para estudar o comportamento da performance da máquina síncrona com suficiente precisão.

    A corrente IF que circula pelo enrolamento de campo produz um fluxo ΦF no entreferro. Por outro lado, a corrente de armadura Ia que flui pelo enrolamento do estator produz um fluxo Φa. Parte deste fluxo interage somente com o enrolamento do estator e é chamado de fluxo de dispersão, que denominaremos de Φal. Este fluxo não interage com o fluxo devido ao enrolamento de campo. Portanto, a maior parte do fluxo devido à corrente de armadura está confinado no entreferro e interage fortemente com o fluxo de campo. Este fluxo é chamado fluxo de reação da armadura e é representado por Φar. Logo, o fluxo resultante no entreferro, denominado Φr, é devido as componentes dos dois fluxos ΦF e Φar. Cada fluxos destes induzem uma componente de tensão no enrolamento do estator. Assim, EA é induzida por ΦF, Ea é induzida por Φar e a tensão resultante Er é induzida por Φr. A tensão EA pode ser calculada a partir das curvas de circuito aberto da máquina.

    Devemos salientar que a tensão Ear, conhecida como tensão da reação de armadura depende de Φar e, por consequência, este depende de Ia. Do que foi exposto até aqui, podemos escrever que:

    Er = Ear + EA

    Trabalhando algebricamente esta equação, podemos escrever:

    EA = - Ear + Er

    Assim, podemos desenhar um diagrama mostrando os fasores envolvidos nesta análise.

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Figura 105-01

    Do diagrama mostrado na Figura 105-01, vemos que o fluxo Φar, bem como a corrente Ia que o gera, estão adiantados de 90° em relação à tensão Ear. E por sua vez, a tensão - Ear está adiantada de 90° em relação à Ia. Lembrando que uma reatância indutiva atrasa a corrente em 90° em relação à tensão, então isto sugere que - Ear é a queda de tensão em cima de uma reatância indutiva, que denominaremos de Xar, devido à corrente Ia. Usando este fato, podemos reescrever a última equação da seguinte maneira:

    EA = j Xar Ia + Er

    A reatância Xar é conhecida como reatância da reação de armadura ou reatância magnetizante e é mostrada na Figura 105-02.

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Figura 105-02

    Se a resistência do enrolamento do estator Ra e a reatância de dispersão Xal (que leva em conta o fluxo de dispersão Φal) estão incluídos, o circuito equivalente por fase é representado na Figura 105-03.

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Figura 105-03

    A resistência Ra é a resistência efetiva e é aproximadamente 1,6 vezes a resistência CC do enrolamento do estator. A resistência efetiva inclui os efeitos da temperatura de operação e o efeito de superfície causado pela alternância da corrente fluindo através do enrolamento de armadura.

    Para simplificar, é comum definir uma nova reatância chamada de reatância síncrona e representada por XS, que é a soma das reatâncias Xar e Xal. Assim, usando esssa nova reatância, podemos representar o modelo da máquina síncrona pelo circuito mostrado na Figura 105-04.

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Figura 105-04

    Assim, podemos definir as seguintes equações:

    XS = Xar + Xal
    ZS = Ra + j XS

    Cabe ressaltar, que a reatância síncrona XS leva em conta todos os fluxos, o magnetizante, bem como o de dispersão, produzido pela corrente de armadura.

    Os valores dos parâmetros da máquina dependem do tamanho da máquina. A Tabela 105-01 mostra sua ordem de grandeza. As unidades estão em p.u.. Uma impedância de 0,1 pu significa que se a corrente nominal fluir, a impedância produzirá uma queda de tensão de 0,1 (ou 10%) do valor nominal. Em geral, à medida que o tamanho da máquina aumenta, a resistência por unidade diminui mas a reatância síncrona por unidade aumenta.


Tabela 105-01
Máquinas Pequenas (dezenas de KVA) Máquinas Grandes (dezenas de MVA)
  Ra 0,05 - 0,02 0,01 - 0,005
  Xal 0,05 - 0,08 0,1 - 0,15
  XS 0,5 - 0,8 1,0 - 1,5

    Uma forma alternativa de mostrar o circuito equivalente da máquina síncrona é usar o equivalente de Norton da tensão de excitação Ef e a reatância síncrona XS, como mostra a Figura 105-05.

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Figura 105-05

    Na transformação para o equivalente Norton, obtemos:

    I'a = EA / XS

    Fazendo algumas transformações algébricas é possível demonstrar que podemos obter a seguinte relação:

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    eq.   105-04

    Onde definimos m como:

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    eq.   105-05

    onde as variáveis são definidas como:

  • Nre - é o número de voltas efetivas do enrolamento de campo.
  • Nse - é o número de voltas efetivas do enrolamento do estator por fase.

    6.   Diagrama Fasorial de um Gerador Síncrono

    Como as tensões de um gerador síncrono são tensões CA, elas são expressas usualmente como fasores, os quais têm módulo e ângulo. Portanto, as relações entre eles podem ser expressas por um gráfico bidimensional. Quando as tensões de uma fase (EA, Vg, j XS Ia e Ra Ia ) e a corrente Ia dessa fase são plotadas, resulta um gráfico denominado diagrama fasorial que mostra as relações entre essas grandezas.

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Figura 105-06

    Na Figura 105-06 vemos o modelo do circuito elétrico equivalente por fase do gerador síncrono. Note que a resistência interna do circuito de campo e a resistência externa variável foram combinadas em uma única resistência RF. Vamos usar este modelo para fazer o diagrama fasorial mostrado na Figura 105-07, quando usamos uma carga resistiva e, portanto, temos um fator de potência unitário.

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Figura 105-07

    Do circuito mostrado na Figura 105-06 vemos que a diferença entre a tensão total EA e a tensão terminal da fase, Vg, é dada pelas quedas de tensão resistiva e indutiva. Todas as tensões e correntes são referidas à Vg, cujo ângulo é assumido arbitrariamente como . Então, podemos escrever a equação que define a tensão terminal Vg, e é dada pela eq. 105-06, ou:

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    eq.   105-06

    Cabe salientar que o circuito mostrado na Figura 105-06 apresenta uma fonte de tensão de corrente contínua VF, que alimenta o circuito de campo do rotor, que é modelado pela indutância e a resistência em série da bobina de campo. Em série com a resistência RF existe uma resistor ajustável (não mostrada no circuito) que controla o fluxo da corrente de campo. Para representar o sistema trifásico existem três circuitos iguais ao mostrado, um para cada fase. As tensões e correntes geradas por eles são identicas em módulo, porém estão defasadas entre si de 120°.

    Essas três fases podem ser ligadas na configuração delta ou estrela. Quando o circuito equivalente por fase é usado, deve-se ter em mente um fato importante: as três fases apresentam as mesmas tensões e correntes somente quando as cargas a elas conectadas estão equilibradas (ou balanceadas). Se as cargas do gerador não estiverem equilibradas, então técnicas de análise mais sofisticadas serão necessárias. Essas técnicas estão além dos objetivos deste site.

    Esse diagrama fasorial pode ser comparado com os diagramas fasoriais dos geradores que funcionam com fatores de potência atrasado e adiantado. Nesse caso, devemos observar que:

    "Para uma dada tensão de fase e uma dada corrente de armadura, é necessária uma tensão gerada interna EA maior para as cargas atrasadas do que para as adiantadas."
    Essa afirmação fica bem evidente olhando para os diagramas fasoriais mostrados na Figura 105-08 e Figura 105-09. Portanto, quando se quer obter a mesma tensão terminal, será necessária uma corrente de campo maior para as cargas atrasadas.
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Figura 105-08
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Figura 105-09
    Alternativamente, podemos afirmar que:
    "Para uma dada corrente de campo e uma intensidade de corrente de carga, a tensão de terminal, Vg, será menor com cargas atrasadas e maior com cargas adiantadas."

    7.   Potência e Conjugado em um Gerador Síncrono

    Um gerador síncrono converte potência mecânica em potência elétrica trifásica. A fonte da potência mecânica, a máquina motriz, pode ser um motor diesel, uma turbina a vapor, uma turbina hidráulica ou qualquer dispositivo similar. Qualquer que seja a fonte, ela deve ter a propriedade básica de que sua velocidade seja quase constante independentemente da potência demandada. Caso contrário, a frequência do sistema de potência resultante variaria.

    Nem toda a potência mecânica que entra em um gerador síncrono torna-se potência elétrica na saída da máquina. A diferença entre a potência de entrada e a de saída representa as perdas da máquina. A potência mecânica de entrada é a potência no eixo do gerador dado pelo produto entre o torque aplicado pela máquina motriz e a velocidade de rotação da máquina, ou seja:

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    eq.   105-07

    Por outro lado, a potência internamente convertida pelo gerador síncrono da forma mecânica para a forma elétrica é dado pelo produto entre o torque induzido e a velocidade de rotação da máquina, ou seja:

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    eq.   105-08

    Uma forma alternativa de escrevermos essa equação é através da eq. 105-09.

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    eq.   105-09

    Nesta equação o ângulo α é o ângulo entre a tensão induzida EA e a corrente de armadura Ia. A diferença entre a potência de entrada do gerador e a potência convertida nele representa as perdas mecânicas, as do núcleo e as suplementares da máquina.

    Na Figura 105-10 apresentamos um esquema mostrando o fluxo de potência em uma máquina síncrona.

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Figura 105-10

    A potência elétrica efetiva qua aparece na saída da máquina síncrona pode ser expressa em grandezas de linha pela eq. 105-10.

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    eq.   105-10

    E em grandezas de fase pela eq. 105-11, onde fizemos Vg = VF para enfatizar a grandeza fase.

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    eq.   105-11

    Salientamos que, neste caso, o ângulo θ é o ângulo entre a tensão de fase ou de linha e a corrente de armadura, Ia, conforme está explícito na Figura 105-11 (abaixo).

    Também é possível expressar a potência reativa em grandezas de linha, conforme a eq. 105-12.

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    eq.   105-12

    E em grandezas de fase, conforme a eq. 105-13, onde fizemos Vg = VF para enfatizar a grandeza fase.

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    eq.   105-13

    Se a resistência de armadura RA for ignorada, considerando XS >> RA, então podemos deduzir uma equação muito útil para fornecer um valor aproximado da potência de saída do gerador. Para deduzir essa equação, vamos examinar o diagrama fasorial da Figura 105-11. Essa figura mostra um diagrama fasorial simplificado de um gerador com a resistência de estator RA ignorada.

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Figura 105-11

    Observe que o segmento vertical b-c pode ser expresso pela eq. 105-14.

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    eq.   105-14

    Podemos substituir na eq. 105-11 o valor de Ia cos θ pela transformação algébrica da relação acima. Assim, vamos obter:

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    eq.   105-15

    Essa equação estipula uma aproximação devido termos assumido que as resistências do gerador são iguais a zero, ou seja, não há perdas elétricas na máquina. Então, podemos afirmar que Pout = Pconv.

    Também é possível calcular o ângulo δ trabalhando algebricamente a eq. 105-15 e obtendo a eq. 105-16 abaixo.

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    eq.   105-16

    Devemos salientar que a eq. 105-14 mostra que a potência produzida por um gerador síncrono depende diretamente do ângulo δ. O ângulo δ é conhecido como ângulo interno ou ângulo de conjugado (ou torque) da máquina. Pela eq. 105-14 fica evidente que a potência máxima que o gerador pode fornecer é quando δ = 90°, pois sen δ = 1.

    A potência máxima indicada por essa equação é denominada limite de estabilidade estática do gerador. Normalmente, os geradores reais nunca chegam nem próximos desse limite. As máquinas reais apresentam ângulos típicos de conjugado (ou torque) a plena carga de 20 a 30 graus.

    Examinando as equações eq. 105-11, eq. 105-13 e eq. 105-15 atentamente e, assumindo que VF é constante, a potência eficaz de saída será diretamente proporcional à Ia cos θ e a EA sen δ e a saída de potência reativa será diretamente proporcional à Ia sen θ.

    Essas observações são úteis quando se plotam diagramas fasoriais de geradores síncronos com carga variável.

    Levando em consideração a eq.105-08 e a eq. 105-15 facilmente podemos escrever a equação que define o torque induzido no rotor do gerador através da eq. 105-17.

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    eq.   105-17

    8.   Determinação dos Parâmetros de um Gerador

        Síncrono

    Da mesma forma como estudamos no capítulo referente a transformadores, nas máquinas síncronas também usamos os ensaios de curto-circuito e a vazio para determinarmos os parâmetros das máquinas síncronas.

    O circuito equivalente que foi deduzido anteriormente para um gerador síncrono continha três grandezas que devem ser determinadas para se descrever completamente o comportamento de um gerador síncrono real. São elas:

  • 1 - A relação entre corrente de campo e o fluxo (ou seja, a corrente de campo IF e a tensão induzida EA).
  • 2 - A reatância síncrona XS.
  • 3 - A resistência de armadura RA.

        8.1   Ensaio a Vazio de um Gerador Síncrono

    Este é o primeiro passo a ser executado para se determinar os parâmetros do gerador síncrono. Para tanto, devemos garantir que não há qualquer tipo de carga conectada aos terminais do gerador. Ou seja, estamos com o gerador na condição de "vazio". A seguir, colocamos o gerador a girar em sua velocidade nominal. Como não temos carga, então sabemos que Ia = 0 e, nesse caso, temos EA = VF. Sabendo dessa informação, é possível se construir um gráfico de EA versus IF. A curva construída no gráfico é denominada de característica a vazio ou, simplesmente CAV. Em algumas literaturas também conhecida por característica de circuito aberto ou, simplesmente CCA.

    De posse da curva característica podemos encontrar a tensão gerada interna EA para qualquer corrente de campo IF dada.

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Figura 105-12

    Na Figura 105-12 vemos a característica a vazio (CAV ) típica de um gerador síncrono. Observe que, no início, a curva é quase perfeitamente reta até que alguma saturação é observada com correntes de campo elevadas. O ferro não saturado da máquina síncrona tem uma relutância que é diversos milhares de vezes menor que a relutância do entreferro. Desse modo, no início, quase toda a força magnetomotriz está no entreferro e o incremento de fluxo resultante é linear. Quando o ferro finalmente satura, a relutância do ferro aumenta dramaticamente e o fluxo aumenta muito mais vagarosamente com o aumento da força magnetomotriz. A porção linear de uma CAV é denominada linha de entreferro da característica.


        8.2   Ensaio de Curto-Circuito de um G.S.

    Depois de realizarmos o ensaio a vazio (CAV ) e determinarmos o gráfico EA versus IF, estamos aptos a realizar o ensaio de curto-circuito e determinar os vários parâmetros do gerador síncrono. Como primeiro passo, devemos colocar a saída do gerador em curto-circuito com um conjunto de amperímetros e ajustar a corrente de campo IF para o valor zero. Assim, a corrente de armadura Ia (ou a corrente de linha IL) é medida enquanto a corrente de campo é incrementada gradualmente. Fazendo uma tabela das medições e colocando esses valores em um gráfico, vamos obter a chamada característica de curto-circuito (CCC) e podemos ver esse gráfico na Figura 105-13.

curvaCCC105-1J.png
Figura 105-13

    Observe que basicamente é uma linha reta. Para entender isso, podemos olhar para a Figura 105-06 e considerando que os terminais do gerador estão em curto-circuito (ou seja, Vg = VF = 0) , então podemos escrever o valor de Ia pela eq. 105-18. Na verdade, a campo indução magnético resultante na máquina é muito pequeno, fazendo com que a máquina não esteja saturada, logo CCC é linear.

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    eq.   105-18

    Naturalmente que podemos escrever o valor do módulo de Ia pela eq. 105-19.

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    eq.   105-19

    Por outro lado, quando a máquina está em curto-circuito, temos VF = 0, e isso nos permite escrever a impedância interna da máquina, representada por ZS e dada pela eq. 105-20.

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    eq.   105-20

    Porém, em geral, sabemos que podemos considerar ZS >> RA e assim, considerando RA ≈ 0, podemos reescrever a eq. 105-20 como:

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    eq.   105-21

    Nesta equação estamos representando a tensão na saída do gerador a vazio como VF0. Então para determinar o valor aproximado da reatância síncrona da máquina, XS, com uma dada corrente de campo, podemos seguir o roteiro abaixo:

  • Para uma dada corrente de campo IF e usando as curvas do gráfico CAV determine a tensão interna gerada EA.
  • Encontre a corrente de armadura de curto-circuito utilizando o gráfico CCC para a corrente de campo especificada.
  • Usando a eq. 105-21 calcule o valor de XS.

    Caso haja interesse em determinar a resistência de armadura, RA, pode-se usar o seguinte processo:

    Com a máquina em repouso (inativa), aplica-se aos terminais da máquina uma tensão CC conhecida e mede-se o valor da corrente que circula pelo enrolamento. O quociente entre essas duas grandezas será o valor de RA. Esse valor é aproximado, pois não foi considerado o efeito pelicular em altas frequências. Pode-se melhorar a aproximação multiplicando-se o valor encontrado por 1,6.

        8.3   Razão de Curto-Circuito

    Outro parâmetro utilizado para descrever um gerador síncrono é a chamada razão de curto-circuito. Ela pode ser definida como:

    "É a razão entre a corrente de campo requerida para a tensão nominal a vazio e a corrente de campo requerida para a corrente nominal de armadura em condição de curto-circuito."

    A razão de curto-circuito permite caracterizar a qualidade da máquina síncrona. Para a mesma potência e correntes nominais, uma máquina com menor razão de curto-circuito tem menor volume e menor peso e, consequentemente, menor custo.