Problema + difícil 83-2
Fonte: Questão 3 da 2ª prova da Escola de Engenharia - UFRGS - 1975.
Na Figura 83-02.1 o circuito é simétrico, equilibrado e a sequência de fases é direta ou ABC. Sabe-se que V1 = 350 V , V2 = 200 V e A = 20 A. Determine:
a) os valores de R, X e a tensão de linha.
b) o fator de potência do circuito estrela.
Solução do Problema + difícil 83-2
Item a
Para a solução deste problema vamos nos basear num diagrama de tensões e correntes como
o apresentado na Figura 83-02.2. Salientamos que a solução será uma mistura de álgebra com geometria.
Agora vamos analisar por partes este diagrama. Observe que a tensão medida pelo voltímetro
V2 está representada pelo fasor VkN = 200 V. Da figura,
conclui-se que VkN = VCN sen 30°.
Daí, o valor de VCN é:
VCN = VkN / sen 30° = 400 volts
Como o circuito é simétrico então VCN = VBN = VAN = 400 volts e a tensão de linha é:
Vlinha = √3 VCN = 400 √3 volts
Para se encontrar os valores de R e X, deve-se calcular as tensões VxN e
VAx. Repare no círculo em vermelho onde o diâmetro é a tensão de fase VAN = 400 V.
Este círculo delimita as tensões VxN e VAx, como indicado na figura, onde no ponto x temos um ângulo de 90°. Note que para encontrar o valor de VxN é necessário calcular o valor de VyN.
Perceba que o ponto y é igual a um terço do valor de VCA. Isto significa que está na mesma altura do ponto N. Logo, o segmento Oy é paralelo à tensão VCB. Isto permite dizer que VyN = VAy cos 60°, haja vista que o ângulo entre VAy e VyN é 60°. E VAy = 2/3 VCA = 461,88 volts. Assim:
VyN = 461,88 x 0,5 = 230,94 V
Então, os valores dos dois fasores que permitem o cálculo de VxN são conhecidos. Para isso é necessário empregar a lei dos cossenos. Porém, está faltando conhecer o ângulo entre VAy e VyN. Deve-se utilizar o seguinte artifício: tracemos um segmento interligando os pontos O e y. Desta forma, cria-se o triângulo NOy, que é um triângulo retângulo. Usando o teorema de Pitágoras é possível calcular o valor
de VOy, lembrando que VON = 200 volts, pois é metade do valor de VAN.
VOy = √ ( 2002 + 230,942 ) = 305,5 V
E como o triângulo NOy é retângulo, então o ângulo φ vale:
φ = tg-1 ( 200 / 230,94 ) = 40,89°
Agora está faltando calcular o ângulo θ. Note que ao se traçar o segmento Oy,
cria-se o triângulo Oxy, que não é um
triângulo retângulo. Neste caso, deve-se utilizar a lei dos cossenos para calcular o ângulo θ. Então, deve-se usar a eq. 51-03 reproduzida abaixo.
eq. 51-03
Lembre-se que x é o lado oposto ao ângulo que se quer calcular. Então x = VOx = 200 volts, pois é igual ao raio do círculo.
θ = ( 3502 + 305,52 - 2002 ) / ( 2 x 350 x 305,5 )
Efetuando-se o cálculo:
θ = 34,69°
Somando os dois ângulos encontrados o resultado é o ângulo entre Vxy e VyN, ou seja, φ + θ = 75,58°.
Novamente usando a lei dos cossenos é possível calcular o valor de VxN. Como se quer calcular o terceiro lado de um triângulo, usa-se a eq. 51-01 reproduzida abaixo.
eq. 51-01
Aqui x = VxN. Então:
VxN2 = 3502 + 230,942 - 2 x 350 x 230,94 x cos (75,58°)
Efetuando-se o cálculo, obtém-se:
VxN = 368,2 V
Usando o teorema de Pitágoras se obtém o valor de VAx, pois:
VAx2 = VAN2 - VxN2 = 4002 - 368,22
Efetuando-se o cálculo, obtém-se:
VAx = 156,3 V
Como se conhece a corrente de fase IAN, que foi medida pelo amperímetro A = 20 A, então os valores de R e X serão:
R = VAx / IAN = 156,3 / 20 = 7,82 Ω
X = VxN / IAN = 368,2 / 20 = 18,41 Ω
Item b
Para se encontrar o fator de potência, deve-se calcular o ângulo φ entre
a corrente IAN e a tensão VAN. Porém, como se conhece
os valores de R e X isto é muito fácil, pois: