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Figura 16-01


    Agora sabemos que devemos ter uma resistência em paralelo com o miliamperímetro, a qual chamaremos de Rsh (resistência shunt), que possua um valor de tal forma que quando tivermos sobre ela uma diferença de potencial de 50 mV, circulará uma corrente de 499 mA.

    Naturalmente que é muito fácil desenvolvermos uma equação que nos permita calcular o valor dessa resistência para qualquer instrumento. Para isso, devemos conhecer o fundo de escala do instrumento, o qual será representado por Ig. O valor da resistência interna do instrumento, representaremos por Ri. A corrente que circula pela resistência em paralelo chamaremos de Ish. Repare que Ish = I - Ig, onde I é a corrente que será medida pelo instrumento. Então:

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     eq.  16-01

    Perceba que o produto Ri Ig é o valor de Vg. Então, para o nosso problema vamos calcular o valor de Rsh.

    Rsh = Vg / Ish = 0,05 / 0,499 = 0,1 ohm

    Veja como é fácil projetar um amperímetro com várias escalas apropriadas para uso no dia a dia. Na aba problemas resolvidos apresentamos um caso desses.


    3.   Voltímetro

    Outro instrumento de muita utilidade é o voltímetro. Consiste, basicamente, de um miliamperímetro ou microamperímetro associado em série a uma resistência de valor adequado, para determinar a escala que estamos interessados.

    Vamos projetar um voltímetro utilizando um miliamperímetro com as mesmas características do item anterior, ou seja, 1 mA de fundo de escala e resistência interna de 50 ohms. Já sabemos que quando aplicamos uma tensão de 50 mV, nosso miliamperímetro tem a máxima deflexão, indicando que a corrente que está circulando por ele é de 1 mA. Portanto, se quisermos medir uma tensão de 10 volts, devemos colocar uma resistência em série de tal forma que sobre ela exista uma diferença de potencial de 10 - 0,05 = 9,95 volts. Como a corrente que circula é de 1 mA, então o valor da resistência série, denominada aqui de Rs, e mais uma vez usando a lei de Ohm, será:

    Rs = Vg/ Ig = 9,95 / 0,001 = 9.950 ohms

    Em instrumentos de medidas elétricas é comum definir-se uma propriedade chamada sensibilidade, S, como o inverso da corrente que o instrumento é capaz de medir em sua máxima deflexão (ou seja, fundo de escala). Mas o inverso da corrente nada mais é do que ohms por volt, Ω/V.

    Desta forma, o instrumento do exemplo acima apresenta uma sensibilidade de:

    S = 1/ Ig = 1 / 0,001 = 1.000 ohms/volt

    Na prática, admite-se uso de um voltímetro com valor de sensibilidade igual ou superior a 20.000 Ω/V. Isto significa que nosso galvanômetro deve ser um microamperímetro com fundo de escala de 50 µA.

    Veja mais aplicações práticas de instrumentos de medição clicando na aba problemas resolvidos, ou Aqui!


    4.   Precisão na Leitura dos Instrumentos

        4.1.   Caso do Amperímetro

    Devemos estar atentos para o fato que quando quisermos medir uma corrente elétrica num circuito com um amperímetro, devemos abrir o circuito no ponto onde queremos realizar a medição, e inserir o amperímetro EM SÉRIE com o circuito. NUNCA coloque um amperímetro EM PARALELO com o circuito, pois devido esse instrumento, via de regra, possuir uma baixa resistência, ele colocará em curto-circuito o ponto a ser medido. Isto poderá ocasionar sérios danos ao circuito e ao próprio instrumento de medição.

    Exatamente pelo fato que devemos inserir o amperímetro em série com o circuito, isto nos levará a uma imprecisão na leitura da corrente elétrica, haja vista que com o amperímetro em série, houve um aumento da resistência elétrica no circuito e consequentemente a leitura será   INFERIOR   à real.

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Figura 16-02

    A corrente real I que circula pelo circuito sem o amperímetro, é dada por I = V / R. Porém, como podemos ver na Figura 16-02 interrompendo o circuito e introduzindo o amperímetro em série com o circuito (entre os pontos A e P ), evidentemente que devemos acrescentar o valor de Ri a R e a corrente medida será dada por:

    Imedida = V/ (Ri + R)

    Portanto, como houve um acréscimo na resistência do circuito, a corrente medida pelo amperímetro será menor que a corrente real I, ou seja   Imedida < I.


        4.2   Caso do Voltímetro

    Como ficou evidente no item 3, quando usamos um voltímetro em determinada escala, esse instrumento apresenta um determinado valor de resistência entre seus terminais. Para medir a tensão elétrica entre dois pontos de um circuito, sabemos que o instrumento deve ficar em paralelo com os componentes que estão entre os dois pontos mencionados. Portanto, essa resistência interfirirá no resultado final da medição. Vamos entender como isso acontece.

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Figura 16-03

    Por inspeção no circuito da Figura 16-03 sabemos que entre os pontos a-b, considerando que não estamos com o voltímetro inserido nos pontos a-b, existe uma diferença de potencial de 10 volts (basta aplicar um divisor de tensão resistivo). Ao inserirmos o voltímetro nos pontos a-b, evidentemente que colocamos a resistência interna do instrumento em paralelo com a resistência de 4 kΩ. Supondo que o voltímetro tenha uma sensibilidade de 1.000 Ω/V e tenhamos escolhida a escala de 10volts, isto significa que a resistência interna do instrumento é de 10.000 Ω. Ora, o que temos entre os pontos a-b é um valor de resistência resultante do paralelo de 4 kΩ e 10 kΩ. Isto resulta em uma resistência de valor igual a 2.857 Ω.

    Agora vamos recalcular qual será o novo valor da tensão entre os pontos a-b. Aplicando um divisor de tensão resistivo, temos:

    Vab = 20 (2857 / 4000 + 2857) = 8,33 volts

    Perceba que medimos uma tensão inferior ao valor real, ocasionando um erro bem razoável. Usando a mesma idéia, vamos supor que o instrumento utilizado tivesse uma sensibilidade de 20.000 Ω/V. Neste caso, para uma escala de 10 volts temos uma resistência interna do instrumento de 200.000 Ω. Calculando o paralelo de 4 kΩ e 200 kΩ resulta um valor igual a 3.922 Ω. Aplicando o divisor de tensão resistivo, temos:

    Vab = 20 (3922 / 4000 + 3922) = 9,90 volts

    Agora dá para entender por que devemos utilizar um instrumento com grande sensibilidade, pois isto nos permite medir valores muito próximos do valor real.