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motor explodido
motor explodido
Figura 108-01

campo giratotrio
campo giratotrio
campo giratotrio
campo giratotrio
campo giratotrio
campo giratotrio
campo giratotrio
campo giratotrio
Figura 108-02
fórmula campo rotativo
fórmula campo rotativo horário
fórmula campo rotativo anti-horário
fórmula campo resultante


    Analisando para ω t = 45° obtemos:
    Bh   =   (0,5)(√2/2) Bmax   ĵ   -   (0,5) (√2/2) Bmax   î
    Bah   =   (0,5)(√2/2) Bmax   ĵ   +   (0,5) (√2/2) Bmax   î

    Então, fazendo a soma dos campos obtemos:
    BS   =   Bh   +   Bah   =   √2/2 Bmax   ĵ   =   0,707 Bmax   ĵ

    Conclusão:Com essa análise verificamos que o campo resultante, para qualquer ângulo analisado, estará sempre no eixo vertical ou é nulo, representado pelo fasor ĵ, conforme foi afirmado anteriormente.


    Os campos magnéticos progressivo e retrógrado do motor contribuem cada um com uma componente da tensão total do estator e, em certo sentido, estão em série entre si. Como ambos os campos magnéticos estão presentes, o campo magnético girante progressivo (que tem uma elevada resistência efetiva de rotor R2 / s) irá limitar o fluxo da corrente do estator no motor (que produz os campos progressivo e retrógrado). Como a corrente que alimenta o campo magnético retrógrado do estator está limitada a um valor baixo e como o campo magnético retrógrado do rotor faz um ângulo muito grande em relação ao campo magnético retrógrado do estator, o conjugado devido aos campos magnéticos retrógrados será muito pequeno quando se está próximo da velocidade síncrona. Devemos prestar atenção ao fato que quando alimentamos o motor com uma tensão monofásica, o rotor continuará estacionário, ou seja, não se moverá, pois como ficou evidente nas considerações anteriores o torque a que o rotor está submetido é igual a zero. No entanto, por qualquer meio, se providenciarmos um giro inicial ao rotor isso fará com que os campos magnéticos progressivo e retrógrado sejam de intensidades diferentes ocasionando o surgimento de um torque diferente de zero. Com isso o motor consegue acelerar até alcançar sua velocidade de trabalho.

    Isso se deve principalmente que a onda progressiva de fluxo no entreferro cresce e a onda retrógrada diminui quando o rotor é colocado em movimento. Quando o motor está funcionando com um escorregamento reduzido, o efeito refletido da resistência do rotor sobre o campo progressivo, 0,5 R2 / s, é significativamente maior do que o valor observado com o rotor parado, ao passo que o efeito no campo retrógrado, 0,5 R2 / (2 -s), é menor. Assim sendo, a impedância do campo progressivo é maior do que a do rotor parado, enquanto a do campo retrógrado é menor. Dessa forma, a força contra-eletromotriz do campo progressivo é maior do que a do rotor parado, ao contrário da força contra-eletromotriz do campo retrógrado, que é menor. Ou seja, a onda progressiva de fluxo cresce, ao passo que a onda retrógrada de fluxo diminui.

    Além do conjugado líquido médio, há pulsações de conjugado com o dobro da frequência do estator. Essas pulsações de conjugado ocorrem quando os campos magnéticos progressivo e retrógrado cruzam-se duas vezes a cada ciclo. Assim, para um motor alimentado com uma rede cuja frequência é de 50 Hz, apresentará uma pulsação de 100 Hz. E no caso da rede de 60 Hz a pulsação será de 120 Hz. A Figura 108-03 mostra essa situação. Usamos como referência a potência pois sabemos que existe uma relação direta entre potência e torque. Embora essas pulsações não produzam conjugado médio, elas intensificam de fato a vibração do motor, o que torna os motores de indução monofásicos mais ruidosos do que os motores trifásicos de mesmo tamanho. Não há maneira de se eliminar essas pulsações, porque em um circuito monofásico a potência instantânea sempre ocorre em pulsos.

potencia pulsante
Figura 108-03

        2.1   Cálculo do Escorregamento

    Assuma que o rotor do motor está girando na direção do campo que, por sua vez, gira no sentido progressivo (anti-horário) a uma velocidade n (rpm). Vamos representar a velocidade síncrona como nS. Então o escorregamento sp para o campo progressivo é dado por

fórmula escorregamento
    eq.   108-01

    Agora suponha que o rotor do motor gira no sentido retrógado (horário). Então, o escorregamento sr para o campo retrógado em relação ao campo progressivo é dado por

fórmula escorregamento
    eq.   108-02

    Logo, desenvolvendo algebricamente a equação acima, o escorregamento sr para o campo retrógado é dado por

fórmula escorregamento
    eq.   108-03

    3.   Teoria do Campo Cruzado

    Trata-se de uma teoria entre as tensões e correntes que o campo magnético estacionário do estator pode induzir nas barras do rotor quando este está em movimento.

    Considere um motor de indução monofásico com um rotor que foi levado até a velocidade de operação por meio de algum método externo. As tensões são induzidas nas barras desse rotor, com a tensão de pico ocorrendo nos enrolamentos que passam diretamente abaixo dos enrolamentos do estator. Por sua vez, essas tensões produzem um fluxo de corrente no rotor que, devido à sua elevada reatância, está atrasada em relação à tensão em quase 90°. Como o rotor está girando próximo da velocidade síncrona, esse intervalo de tempo de 90° na corrente produz um deslocamento angular de quase 90° entre o plano da tensão de pico do rotor e o plano da corrente de pico.

    O campo magnético do rotor é menor do que o campo magnético do estator devido às perdas no rotor, mas eles diferem entre si em aproximadamente 90° tanto no espaço como no tempo. Se esses dois campos magnéticos forem adicionados em instantes diferentes, veremos que o campo magnético total do motor está girando no sentido anti-horário. Com um campo magnético presente no motor, o motor de indução desenvolverá um conjugado líquido resultante no sentido do movimento e esse conjugado manterá o rotor girando.

    Se o rotor do motor tivesse sido inicialmente posto a girar no sentido horário, então o conjugado resultante seria horário e novamente manteria o rotor girando.


    4.   Análise do Circuito Equivalente do Motor

        de Indução Monofásico

    A teoria do campo giratório duplo é fundamental para entender o funcionamento dos motores de indução monofásicos. Quando o estator é alimentado por uma fonte monofásica, ele realmente cria duas ondas magnéticas rotativas de igual magnitude, mas que giram em direções opostas. Essas ondas são cruciais porque uma delas interage com o rotor para produzir o torque necessário para a operação do motor. A outra onda, girando no sentido oposto, não contribui para o torque e pode até mesmo prejudicar a eficiência do motor. Por isso, engenheiros e designers de motores buscam maneiras de minimizar os efeitos dessa onda contrária para melhorar o desempenho do motor. A análise dessa teoria permite uma avaliação mais precisa das características de partida e de operação do motor, bem como de sua eficiência e do fator de potência.


       4.1  Análise do Circuito com Motor Parado

    A melhor maneira de iniciar a análise de um motor de indução monofásico é examinando o motor quando ele está parado. Nesse momento, o motor pode ser idealizado como um transformador monofásico funcionando com o seu circuito secundário em curto-circuito. Assim, seu circuito equivalente é o de um transformador. Esse circuito equivalente está mostrado na Figura 108-04.

circuito equivalente MI monofásico
Figura 108-04

    Nesse modelo as variáveis envolvidas são:

  • R1 - resistência do enrolamento do estator.
  • X1 - reatância de dispersão do enrolamento do estator.
  • Xm - reatância de magnetização.
  • R2 - resistência do rotor referenciada ao estator.
  • X2 - reatância de dispersão do rotor referenciada ao estator.
  • V - tensão monofásica de alimentação do estator.
  • E - tensão induzida no enrolamento do estator pelo ar (ou tensão do entreferro).

    É interessante ressaltar que a tensão E é produzida pelo fluxo pulsante estacionário promovido pela combinação das correntes do estator e do rotor. Observe que estamos supondo o rotor parado. A tensão E produzida é definida pela eq. 108-04.

fórmula tensão induzida
    eq.   108-04
    onde Φmax é o fluxo no entreferro.

    A análise do comportamento dos motores elétricos quando parados é fundamental para o entendimento de seu funcionamento e para a realização de diagnósticos precisos. No caso de um motor parado, o fluxo magnético pulsante no entreferro pode, de fato, ser dividido em dois campos girantes de igual magnitude, mas em direções opostas. Essa divisão resulta em duas componentes que interagem com o circuito do rotor, causando quedas de tensão tanto resistivas quanto reativas. A compreensão dessa interação é crucial, pois permite a divisão do circuito equivalente do rotor em duas partes que refletem os efeitos de cada campo magnético. Essa divisão é uma aplicação direta da teoria de campo girante, que é um pilar na análise de máquinas elétricas, especialmente naquelas que operam com corrente alternada. Além disso, o conceito de entreferro é essencial para o design e a análise de motores, pois é o espaço onde ocorre a interação magnética entre o estator e o rotor, sendo um fator crítico para a eficiência do motor. É possível dividir o circuito equivalente do rotor em duas seções, cada uma correspondendo aos efeitos de um dos campos magnéticos. O circuito equivalente do motor, incluindo a separação dos efeitos devidos aos campos magnéticos progressivo e retrógrado está sendo mostrado na Figura 108-05. Tenha em mente que com o motor parado o valor do escorregamento se reduz a s = 1.

circuito equivalente MI monofásico parado
Figura 108-05

    Dessa forma, as duas metades, na condição de rotor estacionário, possuem o mesmo escorregamento com respeito a cada campo girante.



       4.2   Análise do Circuito com Motor em

            Movimento

    A resistência efetiva do rotor em um motor de indução é um fator crucial que influencia o desempenho do motor, especialmente em relação ao movimento relativo entre os campos magnéticos do rotor e do estator. O campo magnético progressivo, que gira na mesma direção da rotação do rotor, e o campo magnético retrógrado, que gira na direção oposta, contribuem de maneira distinta para a resistência do rotor. Quando o motor está em funcionamento, a resistência efetiva do rotor para o campo progressivo é diferente daquela para o campo retrógrado devido à variação do escorregamento, que é a diferença entre a velocidade do campo magnético girante e a velocidade real do rotor. Este fenômeno é fundamental para o entendimento do comportamento dinâmico dos motores de indução e para o desenvolvimento de métodos de controle de velocidade e torque mais eficientes.

    Para o campo magnético progressivo, a diferença por unidade entre a velocidade do rotor e a velocidade do campo magnético é o escorregamento s, sendo o escorregamento definido da mesma forma que no motor de indução trifásico. Portanto, a resistência do rotor na parte do circuito associada com o campo magnético progressivo é 0,5 R2 /s.

    O campo magnético progressivo gira na velocidade nsinc e o campo magnético retrógrado gira na velocidade - nsinc. Portanto, a diferença total de velocidade por unidade (com base em nsinc) entre os campos magnéticos progressivo e retrógrado é 2. Como o rotor está girando com uma velocidade s menor do que o campo magnético progressivo, a diferença total de velocidade por unidade entre o rotor e o campo magnético retrógrado é 2 - s (veja este resultado na eq. 108-03). Portanto, a resistência efetiva do rotor na parte do circuito associada ao campo magnético retrógrado é 0,5 R2 / (2 - s).

    Veja o circuito equivalente final do motor de indução monofásico em movimento na Figura 108-06.

circuito equivalente MI monofásico
Figura 108-06

        4.3  Análise Matemática do Motor de

           Indução Monofásico

    As relações de potência e conjugado em motores elétricos são fundamentais para entender o desempenho e a eficiência dessas máquinas. Em motores monofásicos, essas relações também são aplicáveis, considerando as componentes progressiva e retrógrada do campo magnético. A potência líquida de um motor monofásico é a diferença entre as potências associadas a cada um desses campos, enquanto o conjugado líquido é a diferença entre os conjugados que eles produzem. Este princípio é essencial para o projeto e a análise de motores monofásicos. Na Figura 108-07 vemos o diagrama torque versus velocidade.

single phase induction motor torque graph
Figura 108-07

    Para tornar mais simples o cálculo da corrente de entrada do motor, é costume definir as impedâncias ZP e ZR, em que ZP é uma impedância única que equivale a todos os elementos de impedância do campo magnético progressivo e ZR é uma impedância única que equivale a todos os elementos de impedância do campo magnético retrógrado . Essa representação está mostrada na Figura 108-07a.

circuito equivalente MI monofásico
Figura 108-07a

    Dessa forma, simplesmente olhando para o circuito mostrado na Figura 108-07a é possível determinar os valores de ZP e ZR, pois basta verificar que é o cálculo da impedância equivalente representada pelos elementos que estão conectados em série e paralelo. Assim, usando as eq. 108-05 e eq. 108-06 encontraremos os valores das impedâncias progressiva e retrógrada.


fórmula impedancia progressiva
    eq.   108-05
fórmula impedancia progressiva
    eq.   108-06

    Observe atentamente que após o cálculo numérico dos valores de ZP e ZR, olhando essas equações na forma retangular verificamos que haverá um valor real somado a uma valor imaginário. Em ZP, a parte real representa a resistência elétrica progressiva, enquanto a parte imaginária representa a reatância elétrica progressiva. Obviamente, o mesmo é válido quando analisamos a impedância retrógrada. Esses valores representam o equivalente Thévenin do circuito. Então, é possível escrever:

fórmula impedancia progressiva
    eq. 108-6a
fórmula impedancia retrógrada
    eq. 108-6b

    Na Figura 108-08 podemos ver como transformamos o circuito para obtermos RP e XP. Obviamente, o mesmo é válido quando analisamos a impedância retrógrada.

circuito equivalente MI monofásico
Figura 108-08

    Para completar esta análise, usando a eq. 108-05 e efetuando as operações indicadas na equação, chegamos a um resultado final onde obtemos a parte real e a parte imaginária de ZP. Levando em consideração que em geral, Xm >> X2 e, portanto, podemos escrever Xm + X2 ≈ Xm obtendo os resultados mostrados nas equações eq. 108-7a e eq. 108-7b.

fórmula resistencia progressiva
    eq.   108-7a
fórmula reatancia progressiva
    eq.   108-7b

    Essas equações são válidas para o campo progressivo. Fazendo o mesmo para o campo retrógrado, partindo da eq. 108-06 e fazendo as operações e simplificações adequadas, chegamos as equações eq. 108-8a e eq. 108-8b.

fórmula resistencia regressiva
    eq.   108-8a
fórmula reatancia regressiva
    eq.   108-8b
    Nota Importante
    "Observe que ao usar estas equações não há necessidade de se trabalhar com números complexos. Há um pdf disponível mostrando como chegamos a essas equações. Inclusive, compara-se os resultados obtidos com essas equações aos resultados do exemplo 9-1 do livro do Chapman, página 595, 5ª edição. Caso o leitor tenha interesse em ler o pdf,   basta   Clicar aqui"

        4.4   Potência no Entreferro do Motor

            Monofásico

    Após entendermos a parte teórica envolvida em um motor de indução monofásico, podemos elaborar um estudo para determinar os vários parâmetros do motor.

    Vamos começar determinando a corrente de entrada do motor, representada por I1. Observe que a eq. 108-07 é obtida do circuito mostrado na Figura 108-06.

corrente no motor
    eq.   108-09

    É importante observar que a potência progressiva de entreferro de um motor de indução monofásico é a potência consumida por RP, haja vista que o resistor progresivo RP é o único resistor presente na impedância progressiva ZP. Da mesma forma, a potência retrógrada de entreferro do motor é a potência consumida por RR. Assim, a potência de entreferro do motor pode ser encontrada calculando-se a diferença entre a potência consumida por RP e a potência consumida por RR. Para manter uma nomenclatura compatível com o que foi estudado em motores de indução trifásico, vamos denominar a potência do entreferro por Pgap. Dessa forma, a potência progressiva no entreferro representaremos por PPgap e a potência regrógrada no entreferro como PRgap. Então, podemos escrever:

potencia no entreferro
    eq.   108-10

    Essa equação representa o valor da potência desenvolvida pelo rotor para produzir um torque necessário para a manutenção do giro do rotor. Essa diferença entre as quantidades PPgap e PRgap, é devido ao fato que os campos progressivos e retrógrados agem em direções opostas e, como resultado, eles se subtraem. Assim, podemos determinar o quanto dessa potência será transformada em potência mecânica usando a eq. 108-27 (veja item 4.7). Observe atentamente que Pgap   NÃO representa as perdas no cobre do motor devido ao campo progressivo e retrógrado. Essas perdas são fornecidas pela eq. 108-21 (veja item 4.6).

    E a potência progressiva no entreferro é dada por:

potencia progressiva no entreferro
    eq.   108-11

    E a potência retrógrada no entreferro é dada por:

potencia retrógrada no entreferro
    eq.   108-12

    Substituindo os respectivos valores na eq.108-10 pelas eq. 108-11 e eq. 108-12, obtemos:

potencia no entreferro
    eq.   108-13
    Nota Importante
    "Deve-se atentar para a eq. 108-10, pois essa equação expressa a potência que será transformada em potência "mecânica" para o rotor. Isto é, essa potência terá uma relação direta com o torque induzido no rotor do motor, torque este essencial para manter o motor em movimento. Muitas literaturas técnicas apresentam essa equação, usando a mesma simbologia, como a soma das duas quantidades e não sua diferença. Na realidade, essa soma refere-se às perdas elétricas no enrolamento de cobre do motor. Logo, o leitor deve ficar atento quando o autor afirma que as perdas no cobre são a soma das perdas no campo progressivo com a do campo retrógrado. Nesse caso, ele está se referindo as perdas "elétricas" e não à "potência mecânica". Portanto, é essencial que o leitor esteja atento a essas nuances para evitar confusões e garantir a precisão dos cálculos relacionados ao desempenho do motor. "


        4.5   Cálculo do Torque em Motor Monofásico

    Quando estudamos o motor de indução trifásico vimos que o torque induzido no rotor era dado pela eq. 107-32, repetida abaixo para maior clareza.

equação torque
    eq.   107-32

    Observe que usamos a velocidade síncrona em rad/s de acordo com a frequência da rede que alimenta o motor, pois lembre-se que os campos progressivo e retrógrado giram nessa velocidade. Também é válido lembrar a relação entre a velocidade síncrona da máquina, o número de polos da máquina e a frequência da rede, f, dada pela eq 108-14.

relação entre velocidade e frequência
    eq.   108-14

    Dado que os dois campos, progressivo e retrógrado, estão girando em direções opostas, o torque produzido pelos dois campos se opõe. O torque resultante desenvolvido é, portanto,

torque e potencia
    eq.   108-15

    Usando a eq. 108-13, também é possível expressar o torque como a eq. 108-16.

torque e corrente
    eq.   108-16

    Todas essas equações possibilitam calcular o torque induzido no motor. Quando necessitamos calcular o torque no eixo do motor, ou seja, quando o motor está sob carga, então devemos usar a eq. 108-17, abaixo.

torque e potencia nominal
    eq.   108-17

    Para o cálculo de ωr devemos usar a eq. 108-22, abaixo.


        4.6   Perdas no Cobre do Motor Monofásico

    Ocorrem perdas joule no cobre do motor tanto pelo campo progressivo, como pelo campo retrógrado. As perdas devido ao campo progressivo são dadas por:

perdas joule progressivas
    eq.   108-19

    As perdas devido ao campo retrógrado são dadas por:

perdas joule retrógradas
    eq.   108-20

    Portanto, as perdas totais no cobre do motor são dadas somando as perdas devido ao campo progressivo e retrógrado. Logo, as perdas totais são:

perdas joule totais
    eq.   108-21

        4.7   Potência Mecânica no Motor Monofásico

    Depois de subtrair as perdas de cobre do motor, as perdas de ventilação e fricção, bem como as perdas no núcleo, a potência de entrada do motor, a potência restante é convertida da forma elétrica para mecânica. Essa potência, conhecida como potência mecânica pode ser expressa de diversas maneiras. Inicialmente definiremos a relação entre a velocidade angular síncrona e a velocidade angular do eixo do motor, ωr, que são relacionados pelo deslizamento, de acordo com eq. 108-22.

relação rotação motor e síncrona
    eq.   108-22

    Assim, fazendo as devidas equivalências, podemos escrever a potência mecânica como:

 rotação motor e potencia mecanica
    eq.   108-23

    Substituindo a eq. 108-22 na eq. 108-23, obtemos:

potencia mecanica e rotação síncrona
    eq.   108-24

    Substituindo a eq. 108-16 na eq. 108-24, obtemos:

potencia mecanica e corrente
    eq.   108-25
E, baseado nas eq. 108-11 e eq. 108-12, também é possível escrever a eq. 108-26, ou:

    E, baseado nas eq. 108-11 e eq. 108-12, também é possível escrever a eq. 108-26, ou:

potencia mecanica e potencia progressiva e regressiva
    eq.   108-26

    Simplificando mais a expressão acima, também podemos escrever que

potencia mecanica e potencia no gap
    eq.   108-27

    Observe que dependendo dos dados fornecidos no enunciado de problemas temos várias alternativas para calcular a potência mecânica.


        4.8   Potência Nominal de um Motor Monofásico

    A potência nominal de um motor de indução monofásico, indicada na placa de identificação, é um dado crucial para os usuários, pois representa a capacidade máxima de trabalho do motor sob condições normais de operação. Esta potência, expressa em HP (Horse Power), pode ser convertida para o sistema internacional de unidades como watts, utilizando a equivalência de que 1 HP é igual a 746 watts. A potência nominal, ou potência de saída Pnom, é a energia mecânica disponível no eixo do motor, já descontando todas as perdas inerentes ao funcionamento do motor, incluindo as perdas rotativas. Aqui, vamos simbolizar as perdas rotativas por Prot, que abrangem as perdas por ventilação, fricção, no núcleo de ferro e, muitas vezes, as perdas no cobre. Entender esses parâmetros é essencial para a seleção adequada de um motor para qualquer aplicação específica, garantindo que o motor possa operar de forma eficiente e segura dentro das exigências do sistema em que será integrado. Dessa forma, é possível escrever a equação da potência nominal conforme a eq. 108-28.
potencia nominal ou de saída
    eq.   108-28

       4.9   Potência de Entrada ou Elétrica de

             um Motor de Indução Monofásico

    Observe que a potência elétrica (medida em watts) absorvida da rede de alimentação por um motor de indução monofásico, é considerada a potência de entrada do motor e é dada por:

potencia de entrada ou elétrica
    eq.   108-29

    Nessa equação, cos φ representa o fator de potência do motor, ou seja, é a defasagem entre a tensão aplicada V e a corrente de entrada I1.

    Também devemos estar atentos que a potência de entrada da máquina deve satisfazer a eq. 108-30.

rendimento do motor monofásico
    eq.   108-30

       4.10  Rendimento em um Motor Monofásico

    O rendimento, η, de um motor de indução monofásico é dado pela razão entre a potência nominal, ou seja, a potência que o motor disponibiliza em seu eixo e a potência de entrada, ambas medidas em watts ou, outra unidade equivalente. Assim, podemos escrever:

rendimento do motor monofásico
    eq.   108-31

       4.11  Motor de Indução Monofásico

           a Vazio e com Rotor Bloqueado

    O estudo do circuito equivalente de um motor de indução é fundamental para entender o comportamento da máquina sob diferentes condições de carga. Para determinar os valores dos elementos do circuito que representam o motor em operação, é necessário realizar uma série de testes. Estes incluem o ensaio a vazio, que determina as perdas no ferro e as características de magnetização, e o ensaio de curto-circuito, que fornece informações sobre as perdas no cobre e a impedância de dispersão. Além disso, o ensaio de rotor bloqueado pode ser usado para avaliar a resistência e a reatância do rotor quando o motor está parado. Esses testes são análogos aos realizados em transformadores e são essenciais para a modelagem precisa do motor, permitindo prever seu desempenho em diversas situações de operação. A análise desses ensaios contribui para a otimização do design do motor, melhorando sua eficiência e confiabilidade em aplicações práticas.


       4.11.1  Motor de Indução Monofásico a Vazio

    Quando um motor opera em vazio, ou seja, sem carga, ele consome uma corrente elétrica mínima necessária para vencer as perdas internas, como as perdas no ferro e as perdas por atrito e ventilação. A condição de vazio é importante para determinar o comportamento do motor em situações próximas da operação ideal. Durante um teste de vazio, a tensão nominal é aplicada e a corrente elétrica é medida por um amperímetro conectado em série com o motor, assim como a potência real consumida, que é indicada pelo wattímetro. Essas medições permitem calcular as perdas rotacionais do motor, cruciais para entender a eficiência do motor e para projetar sistemas que utilizam motores elétricos de forma mais eficaz e econômica. Portanto, o teste de vazio é uma ferramenta valiosa na engenharia elétrica para avaliar o desempenho de motores sob condições controladas.

    Devido à alta relutância no entreferro de um motor de indução, a corrente circulante pelo enrolamento do estator é bem elevada. Assim, a reatância de magnetização, Xm, será bem menor do que as resistências que estão conectadas em paralelo com essa reatância. Como consequência, o fator de potência do motor torna-se muito baixo, indicando que a maior parte da corrente fornecida ao motor está fora de fase com a tensão, contribuindo pouco para a produção de trabalho real. Essa corrente em atraso, predominantemente indutiva, causa uma queda de tensão significativa nos componentes indutivos do circuito.

    Assim sendo, quando o motor está funcionando sem carga, há duas simplificações relevantes a serem feitas. A primeira é no caso do campo girante progressivo, onde a parcela R2 / 2 s tende a ser um valor muito grande devido ao pequeno valor do escorregamento. Então, nesse caso, a eq. 108-33 é válida.

motor a vazio
    eq.   108-33

    A segunda simplificação é no caso do campo girante retrógrado, onde a parcela X2 / 2 + R2 / 2 (s - 2) é muito pequena quando comparada a Xm / 2, conforme mostra a eq. 108-34.

motor a vazio
    eq.   108-34

    Isso nos permite montar o circuito equivalente para o caso do funcionamento do motor a vazio, conforme mostra a Figura 108-10.

circuito equivalente MI monofásico a vazio
Figura 108-10

    Observa-se que uma resistência denominada "Rrot" foi adicionada ao circuito, cuja finalidade é representar as perdas rotacionais da máquina. Assim, a potência consumida por essa resistência representa perdas rotacionais, incluindo as perdas no núcleo de ferro-silício do estator do motor.

    A corrente no rotor devido ao fluxo progressivo é bem pequena, dessa forma as perdas no cobre são negligenciadas. Entretanto, a corrente devido ao fluxo retrógrado é significante, e as perdas no cobre correspondente é representada por 0,5 R2, conforme é mostrado no circuito da Figura 108-10. Portanto, a leitura do wattímettro corresponde às potências consumidas por R1 + Rrot + 0,5 R2. Essa associação série das resistências pode ser representada por uma única resistência, que denominaremos de resistência a vazio, cujo símbolo representativo é RNL. Veja a eq. 108-35.

resistencia a vazio
    eq.   108-35

    Da mesma forma que foi feito para a resistência a vazio, vamos definir uma reatância a vazio, conforme podemos deduzir do circuito mostrado na Figura 108-10. Repesentando por XNL, essa reatância é definida pela eq. 108-36.

reatancia a vazio
    eq.   108-36

    E agora que definimos a resistência a vazio e a reatância a vazio, podemos definir a impedância a vazio. Repesentando por ZNL e usando a definição usual de impedância, o módulo dessa impedância é definida pela eq. 108-37.

modulo impedancia a vazio
    eq.   108-37

    E para finalizar, a potência lida pelo wattímetro representaremos por PNL. Essa potência está relacionada diretamente com a corrente medida pelo amperímetro e com RNL, conforme a eq. 108-38.

potencia a vazio
    eq.   108-38

    Lembrando que a eq. 108-39 também é válida.

lei de ohm a vazio
    eq.   108-39


       4.11.2  Motor de Indução Monofásico

              com Rotor Bloqueado
    O método descrito é um procedimento padrão para o teste de curto-circuito em motores elétricos. A tensão de curto-circuito, VSC, é cuidadosamente controlada para ser menor que a tensão nominal, evitando dano ao motor devido ao sobreaquecimento. A corrente medida pelo amperímetro durante o teste deve ser comparável à corrente de plena carga do motor, fornecendo uma indicação da saúde do enrolamento e da eficiência do motor. Além disso, a condição de rotor bloqueado, onde s = 1, simula uma situação de máxima carga no motor, permitindo a análise do comportamento do motor sob condições extremas. Este teste é crucial para garantir a segurança e a confiabilidade dos motores elétricos antes de serem colocados em operação ou após reparos. Com essa informação é possível refazer o circuito equivalente do motor. Veja a Figura 108-11.
circuito equivalente MI monofásico rotor bloqueado
Figure 108-11

    Devemos observar que em face do motor estar com o rotor bloqueado e, portanto, s = 1, a resistência R2 / s reduz-se a R2, que é um valor bem pequeno. Logo, como os valores de R2 e X2 são pequenos, a corrente de entrada do motor, ISC, circulará quase toda por estes componentes, em vez de circular pela reatância de magnetização, Xm, que possui valor bem mais elevado. Então, podemos dizer que nessas condições o circuito pode ser considerado como uma série dos componentes R1, X1, R2 e X2. Assim, do circuito mostrado na Figura 108-11, facilmente percebemos que a potência, PSC, medida pelo wattímetro é dada por:

potencia em motor monofásico
    eq.   108-40

    Percebe-se que podemos calcular o fator de potência de forma direta, pois conhecemos as outras variáveis. Esse dado informa o ângulo de defasagem entre a tensão aplicada, VSC, e a corrente elétrica, ISC. Do circuito, também é possível concluir que:

correntes de rotor bloqueado
    eq.   108-41

    Outra informação que é possível retirar do circuito é a corrente elétrica, Im, conforme a eq. 108-42.

correntes de rotor bloqueado
    eq.   108-42

    Onde o valor de Zm é dado pela eq. 108-42a.

correntes de rotor bloqueado
    eq. 108-42a

    Agora, conhecendo o valor de ISC e Im, facilmente determinamos o valor de Ir com o uso da eq. 108-41. E conhecendo o valor de Ir, podemos determinar a impedância formada pelo circuito onde circula a corrente Ir. Chamando essa impedância de Zsec (secundária) podemos expressá-la através da eq. 108-43 na sua forma cartesiana.

correntes de rotor bloqueado
    eq.   108-43

    É importante para a solução de muitos problemas a relação do módulo da impedância com suas respectivas partes reais e imaginárias. Portanto, devemos prestar muita atenção à eq. 108-44.

correntes de rotor bloqueado
    eq.   108-44

    Outro fato importante que devemos salientar é que esse método encontra o valor total da resistência, ou seja, R1 + R2. Logo, para se encontrar o valor de R2 devemos conhecer o valor de R1. Para encontrar o valor de R1 podemos utilizar o método descrito no item 4.11.3, abaixo.

    Cabe ressaltar que, em geral, é consenso estabelecer uma relação entre X1 e X2 de forma bastante prática, ou X1 = X2.



        4.11.3   Medição da Resistência do Estator

    Outro método muito utilizado para se determinar a resistência elétrica do enrolamento de magnetização do motor, no caso R1, é com a utilização de uma fonte de tensão DC variável e um amperímetro DC. Ajusta-se a tensão da fonte DC, VDC, até o amperímetro ler uma corrente, IDC, igual a corrente nominal do motor. Com isso, após algum tempo, haverá o aquecimento do enrolamento e o valor da resistência medido estará muito próximo do valor real quando o motor estiver em operação a plena carga (pois sabemos que a resistência elétrica do enrolamento é função da temperatura).

    Sabe-se também que a reatância do motor é nula quando submetido a corrente contínua, bem como não haverá tensão induzida no rotor. Logo, podemos determinar R1, haja vista que a única grandeza que limita a corrente no enrolamento é a resistência do estator. Esse valor é dado pela eq. 108-45.

resistencia do estator
    eq.   108-45
    É importante ressaltar que esse método não leva em consideração o efeito pelicular, que é um fenômeno relevante no estudo de correntes alternadas, pois afeta diretamente a distribuição da corrente elétrica dentro dos condutores. Esse efeito ocorre devido à tendência da corrente se concentrar na superfície do condutor, aumentando a resistência aparente e, consequentemente, as perdas por efeito Joule. A intensidade desse efeito está relacionada com a frequência da corrente alternada, a permeabilidade magnética e a condutividade elétrica do material do condutor. Devido a isso, para frequências mais altas, a profundidade de penetração da corrente diminui. Isso justifica a aplicação de um fator de correção pelos fabricantes ao valor de resistência calculado para corrente contínua, conforme a eq. 108-45, a fim de obter uma estimativa mais precisa para sistemas de corrente alternada. Una variação de 10% a 20% é uma medida prática para compensar o aumento da resistência devido ao efeito pelicular, garantindo assim a eficiência e segurança dos sistemas elétricos. É essencial que engenheiros e técnicos considerem esse fenômeno ao projetar e analisar sistemas que operam com corrente alternada, especialmente em altas frequências.

    5.   Tipos de Motores de Indução Monofásicos

    Os motores de indução monofásicos são amplamente utilizados em aplicações residenciais e comerciais devido ao seu custo relativamente baixo e simplicidade de design. No entanto, como mencionado, eles não têm torque de partida inerente. Para superar isso, as técnicas mais comuns incluem o uso de um capacitor de partida, um enrolamento auxiliar de fase dividida e um motor de indução com capacitor permanente. O capacitor de partida fornece um deslocamento de fase necessário para criar um campo magnético rotativo, que pode iniciar o movimento do rotor. O enrolamento auxiliar, por outro lado, é energizado apenas durante a partida, proporcionando o torque necessário. Já o motor com capacitor permanente possui um capacitor que fica conectado ao enrolamento auxiliar durante toda a operação, melhorando o desempenho do motor em cargas variáveis. Cada uma dessas técnicas tem suas vantagens e limitações, sendo a escolha dependente da aplicação específica e dos requisitos de torque. Assim, podemos resumir as três técnicas utilizadas na prática.
  • Enrolamentos de fase dividida.
  • Enrolamentos com capacitores.
  • Polos sombreados de estator.

    Todas essas técnicas de partida são métodos em que um dos dois campos magnéticos girantes do motor é tornado mais forte do que o outro. Dessa forma, o rotor recebe um torque de partida em um determinado sentido.

    Vamos estudar separadamente cada tipo de motor.


        5.1   Enrolamentos de Fase Dividida

    O motor de fase dividida é um tipo clássico de motor de indução, amplamente utilizado em aplicações que não necessitam de um alto torque de partida. A defasagem de 90° entre os enrolamentos do estator é essencial para criar um campo magnético giratório, que é o que permite o funcionamento do motor. O enrolamento principal é responsável pela operação contínua, enquanto o enrolamento auxiliar, em conjunto com a chave centrífuga, é utilizado apenas durante a partida para ajudar a superar o momento de inércia inicial. A chave centrífuga está conectada em série com o enrolamento auxiliar. Enquanto o motor está parado, a chave centrífuga está no modo ligada. Nesse caso, os dois enrolamentos estarão recebendo energia da rede ao se dar partida no motor. Uma vez que o motor atinge cerca de 75% da sua velocidade nominal, a chave centrífuga abre, desativando o enrolamento auxiliar, permitindo que o motor continue a operar eficientemente com apenas o enrolamento principal. Veja na Figura 108-12 uma foto da parte interna do motor mostrando a chave centrífuga. Esta configuração torna o motor de fase dividida uma solução econômica e confiável para muitas máquinas e dispositivos domésticos.

foto motor com chave centrifuga
Figura 108-12
    Na Figura 108-13 podemos ver um circuito equivalente simplificado desse tipo de motor.
esquema motor com chave centrifuga
Figura 108-13

    Um fato importante nesse tipo de motor é projetar um enrolamento auxiliar que possua uma razão resistência/reatância mais elevada que no enrolamento principal. Para se atingir esse objetivo, normalmente se usa um fio de bitola mais fina para o enrolamento auxiliar. Isso é possível porque no enrolamento auxiliar só circula corrente elétrica durante a partida. Assim, evita-se uma circulação contínua da corrente, o que ocasionaria sobreaquecimento do enrolamento. Em virtude da razão mais elevada da resistência/reatância no enrolamento auxiliar, a corrente elétrica nesse enrolamento sofrerá uma pequena defasagem em relação à tensão aplicada. Já no enrolamento principal essa defasagegm será bem maior. Como resultado, a corrente no enrolamento auxiliar estará adiantada em relação à corrente no enrolamento principal. Dessa forma, o enrolamento auxiliar faz com que um dos campos magnéticos girantes opostos do rotor seja maior do que o outro, produzindo um conjugado de partida líquido para o motor. O gráfico dos fasores mostrado na Figura 108-14 potencializa o que foi afirmado acima.

gráfico de fasor do motor indução monofásico
Figura 108-14

    Os motores de fase dividida têm um conjugado de partida moderado com uma corrente de partida baixa. O torque de partida pode ser aumentado inserindo-se uma resistência em série com o enrolamento auxiliar. Veja na Figura 108-15 o gráfico mostrando o comportamento da chave centrífuga no torque do motor.

gráfico torque do motor indução monofásico
Figura 108-15

    Eles são usados em aplicações que não exigem conjugados de partida muito elevados, como ventiladores, sopradores e bombas centrífugas. Estão disponíveis em tamanhos da faixa de potência fracionária e são bem baratos.

    Nota Importante

    "O sentido de rotação do motor depende de o ângulo espacial do campo magnético do enrolamento auxiliar estar 90° à frente ou 90° atrás do ângulo do enrolamento principal. Como esse ângulo pode ser invertido de 90° adiantado para 90° atrasado simplesmente trocando as ligações do enrolamento auxiliar, então o sentido de rotação do motor pode ser invertido trocando as conexões do enrolamento auxiliar, e deixando inalteradas as conexões do enrolamento principal."


        5.2   Motores com Capacitor de Partida

    O uso de um capacitor de partida em motores elétricos é uma prática comum para melhorar o torque de partida, especialmente em motores monofásicos. O capacitor, ao ser conectado em série com o enrolamento auxiliar, cria um desfasamento entre as correntes que fluem através das bobinas do motor. Isso resulta em um campo magnético rotativo adicional que ajuda o motor a iniciar sua rotação. A capacidade de ajustar a força magnetomotriz da corrente de partida do enrolamento auxiliar para ser igual à do enrolamento principal é crucial, pois permite uma partida mais eficiente e suave. Esse método é particularmente útil em aplicações que exigem um torque de arranque robusto, como ventiladores, bombas e alguns eletrodomésticos. No entanto, é importante notar que o capacitor deve ser dimensionado corretamente para a aplicação específica, a fim de evitar falhas prematuras e garantir a eficiência operacional do motor.

    Veja a Figura 108-16. Observe que, com a inserção do capacitor no enrolamento auxiliar, podemos controlar o quanto a corrente no enrolamento auxiliar estará adiantada em relação à corrente no enrolamento principal variando a capacitância do capacitor. Assim, o ângulo de fase da corrente no enrolamento auxiliar poderá ser tal que a corrente estará adiantada de 90° em relação à corrente do enrolamento principal. Como os dois enrolamentos estão fisicamente separados de 90°, uma diferença de fase entre as correntes de 90° produzirá no estator um campo magnético girante uniforme simples e o motor irá se comportar exatamente como se ele estivesse partindo com uma fonte de potência trifásica. Nesse caso, o conjugado de partida do motor pode ser superior a 300% do seu valor nominal. Assim, se o motor de fase dividida não tem conjugado de partida suficiente para a aplicação a que foi destinado, ele pode ser substituído por um motor com capacitor de partida.

    Aplicações típicas desses motores são em compressores, bombas, ar condicionado e em outros tipos de equipamento cujas partidas ocorrem com carga.

circuito com chave centrifuga
Figura 108-16

    Na Figura 108-17 podemos ver um diagrama dos fasores das correntes envolvidas no processo de geração de torque. Este tipo de motor apresenta um torque diretamente proporcional ao seno θ, sendo o ângulo θ o ângulo entre as correntes Im e Ia. Naturalmente que o máximo torque ocorre quando θ = 90°. Nessa configuração, na partida do motor temos I1 = Im + Ia

gráfico correntes
Figura 108-17

    Para encontrarmos uma equação que defina o torque de partida desse motor usamos a equação eq. 108-15 mostrada abaixo.

torque e potencia
    eq.   108-15

    Definindo a variável a como a razão de espiras entre o enrolamento auxiliar e o enrolamento principal, considerando na partida o escorregamento s = 1, podemos escrever a seguinte equação para o torque de partida, τst :

torque de partida
    eq.   108-46

    É comum, na literatura técnica, definir uma nova variável pela letra K, de tal forma que:

variávle K
    eq.   108-47

    Então, a equação eq. 108-46 aparece na maior parte da literatura técnica como a eq. 108-48 abaixo.

variávle K
    eq.   108-48

    Na Figura 108-18 podemos ver o gráfico do torque desse tipo de motor. Observe o aumento significativo no torque de partida quando comparado com o torque do motor sem capacitor mostrado na Figura 108-15.

gráfico torque motor com capacitor de partida
Figura 108-18

        5.3   Motores com Capacitor Permanente

    O capacitor de partida faz um trabalho tão bom de melhoria da característica de conjugado versus velocidade de um motor de indução que algumas vezes o enrolamento auxiliar com um capacitor menor é deixado permanentemente no circuito do motor. Se o valor do capacitor for escolhido corretamente, esse motor terá um campo magnético girante perfeitamente uniforme para alguma carga específica e ele se comportará exatamente como um motor de indução trifásico naquele ponto. Esse motor é denominado motor com capacitor permanente. Os motores de capacitor permanente são mais simples do que os motores com capacitor de partida, porque a chave de partida não é necessária. Para cargas normais, eles são mais eficientes, tendo um fator de potência mais elevado e um conjugado mais suave do que os motores de indução monofásicos ordinários.

    Entretanto, os motores com capacitor permanente têm um conjugado de partida mais baixo do que os motores com capacitor de partida, porque o capacitor deve ser dimensionado com um certo valor para poder equilibrar as correntes do enrolamento permanente e do auxiliar em condições normais de carga. Como a corrente de partida é muito maior do que a corrente de carga normal, um capacitor que equilibra as fases com cargas normais deixará essas fases muito desequilibradas nas condições de partida. Na Figura 108-19 vemos um circuito equivalente simplificado desse tipo de motor.

circuito com capacitor permanente
Figura 108-19

    Observe que nessa configuração a relação mostrada na eq.108-49 é válida para todo e qualquer instante de funcionamento do motor.

variávle K
    eq.   108-49
    A análise do gráfico de torque de um motor com capacitor permanente, como indicado na Figura 108-20, revela que o torque de partida não é maximizado. Isso pode ser atribuído a vários fatores, incluindo a configuração do motor e as características do capacitor. Motores com capacitor permanente são conhecidos por sua capacidade de manter um torque constante durante a operação, mas o torque de partida pode ser limitado se o capacitor não for adequadamente dimensionado ou se a configuração do circuito não for otimizada. Além disso, é importante garantir que o motor esteja corretamente dimensionado para a aplicação em questão e que todos os componentes estejam funcionando conforme o esperado. A manutenção regular e o teste dos capacitores podem ajudar a identificar e corrigir problemas que possam estar afetando o desempenho do motor.
torque de partida motor com capacitor permanente
Figura 108-20

        5.4   Motores com Dois Capacitores

    Os motores com dois capacitores são uma solução eficaz para aplicações que exigem um alto torque de partida. O uso de dois capacitores, um para a partida e outro para a operação contínua, permite que o motor desenvolva um torque inicial mais forte e melhore a eficiência durante a operação regular. O capacitor de partida, com valor mais alto, é crucial durante os primeiros momentos após o acionamento, pois trabalha para equilibrar as correntes entre os enrolamentos principal e auxiliar, resultando em um torque de partida superior. Uma vez que o motor alcança sua velocidade nominal, o sistema de chave centrífuga desativa o capacitor de partida, deixando apenas o capacitor permanente em funcionamento. Este último, sendo de menor valor, geralmente entre 10% a 20% do capacitor de partida, é otimizado para manter o equilíbrio das correntes sob condições normais de carga, garantindo assim uma operação eficiente e estável do motor. Essa configuração dual de capacitores é particularmente útil em equipamentos que enfrentam cargas pesadas ou que precisam superar uma grande inércia inicial. Veja na Figura 108-21 o circuito equivalente desse tipo de motor.

circuito equivalente motor com dois capacitores de partida
Figura 108-21
    Os motores monofásicos com duplo capacitor, que incluem um capacitor de partida, Cst, e um capacitor permanente, CP, oferecem vantagens significativas em termos de desempenho. O capacitor de partida proporciona um aumento substancial no torque inicial, facilitando a partida do motor sob carga. Na Figura 108-22 podemos ver o gráfico do torque desenvolvido pelo motor com dois capacitores. Observe como o torque de partida é bem maior que o do motor com capacitor permanente.
grafico torque motor com dois capacitores de partida
Figura 108-22