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Figura 24-01

    Aplicando os conceitos de equação diferencial ao circuito obtemos uma equação diferencial homogênea linear de segunda ordem. Observe a equação abaixo:

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    eq.   24-01

    A partir da equação acima podemos determinar a chamada equação característica da equação diferencial, conforme é mostrado a seguir.

    r 2 + (1 / RC) r + 1 / LC = 0

    Como a equação diferencial é de segunda ordem, então temos uma equação característica de segundo grau. A solução obtida para v(t) depende das raízes dessa equação de segundo grau. Assim, as duas raízes são:

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    eq.   24-02
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    eq.   24-03

    Agora que temos os valores das raízes da equação, podemos escrever a solução da equação diferencial. Esta é dada por:

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    eq.   24-04

    Observe que as raízes da equação característica (r1 e r2) são determinadas pelos parâmetros do circuito, R, L e C. Os valores das constantes A1 e A2 são determinados pelas condições iniciais do problema. Assim, podemos dizer que a solução geral da eq. 24-01 tem a forma da eq. 24-04.

    Portanto, para encontrarmos a solução do problema, devemos encontrar as raízes da equação característica como primeiro passo, já que o comportamento de v(t) depende dos valores dessas raízes. Observe que a primeira parcela é a resposta do circuito devido à primeira raiz, r1. A segunda parcela é a resposta do circuito devido à segunda raiz, r2. Podemos chamá-las de soluções v1 e v2, respectivamente. Se v1 e v2 são soluções, então sabemos que a soma delas também é solução. Isso é o que está dizendo a eq. 24-04.

    Na prática, definem-se dois novos parâmetros para reescrevermos as equações das duas raízes. O primeiro parâmetro, chamado de frequência de Neper ou coeficiente ou fator de amortecimento, é representado pela letra grega alfa, α. O segundo parâmetro, chamado de frequência angular de ressonância ou frequência de ressonância não-amortecida, é representado pela letra grega omega-zero, ωo. Assim, podemos escrevê-los como:

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    eq.   24-05
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    eq.   24-06

    Agora estamos aptos a escrever as equações das raízes em função desses dois novos parâmetros, ou:

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    eq.   24-07
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    eq.   24-08

    Fazendo uma analogia com o que foi estudado em equações do segundo grau, no ensino médio, aqui também percebemos que há três possíveis resultados para o radicando.

  • Positivo - quando   α > ωo
  • Zero - quando   α = ωo
  • Negativo - quando   α < ωo

    Estas três possibilidades dão origem a três tipos diferentes de resposta do circuito. E cada tipo de resposta recebe um nome que o identifica. Assim, vamos analisar detalhadamente cada caso.


        2.1.1.   Resposta Superamortecida

    Também conhecida como resposta sobreamortecida. Esta resposta acontece quando temos α > ωo, e portanto as raízes da equação característica são reais, distintas e NEGATIVAS. Esta condição implica que:

    L C   >   (2 R C)2
    Para este caso a resposta é dada pela eq. 24-04 que é a equação diferencial que descreve o comportamento de um circuito RLC durante um regime transitório. As constantes A1 e A2 são parâmetros cruciais que definem a resposta do circuito às condições iniciais impostas. Mais especificamente pelos valores de v(0+), que indica a tensão no capacitor no instante logo após t = 0 e também por dv(0+) / dt, representa a taxa de variação da tensão nesse mesmo instante. Esses valores são diretamente influenciados pela tensão inicial Vo no capacitor e pela corrente inicial Io no indutor. Determinar essas constantes é essencial para prever como o circuito responderá a uma mudança súbita, como a aplicação de uma tensão ou a abertura de um interruptor, permitindo assim uma análise completa do comportamento do sistema durante o período transitório.

    Podemos elaborar um resumo do procedimento necessário para determinar a resposta de um circuito superamortecido.

  • 1 - Encontrar as raízes da equação característica, r1 e r2, a partir dos valores de R, L e C.
  • 2 - Determinar v(0+) e dv(0+) / dt usando os métodos de análise de circuitos estudados anteriormente
  • 3 - Calcular os valores de A1 e A2 resolvendo o sistema de equações constituído pelas equações abaixo.
    v(0+)   =   A1 + A2
    dv(0+) / dt   =   iC (0+) / C   =   r1 A1 + r2 A2
  • 4 - Substituir os valores de r1, r2, A1 e A2 na eq. 24-04 para obtermos a expressão de v(t) para t ≥ 0.

        2.1.2.   Resposta Criticamente Amortecida

    Esta resposta acontece quando α = ωo, e portanto as raízes da equação característica são reais e IGUAIS. Trata-se da situação em que o estado final é atingido o mais rapidamente possível sem que haja oscilação no sistema. Nesta caso, as raízes da equação característica são:

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    eq.   24-09

    Pelo que foi estudado na disciplina equações diferenciais, sabemos que quando as raízes da equação característica são iguais não podemos expressar a solução nos termos da eq. 24-4. Então, a solução deve assumir a forma de uma soma de dois termos: o primeiro termo é uma exponencial simples e o segundo termo é o produto da variável independente por uma exponencial. Então a resposta do sistema é dada pela equação abaixo.

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    eq.   24-10

    Para determinarmos os valores de B1 e B2, usamos o mesmo método do item anterior. Assim, temos as relações:

    v(0+)  =   V0   =   B1
    dv(0+) / dt   =   iC (0+) / C   =   B2 - α B1

    Com o valor de α dado pela eq. 24-09 e com os valores de B1 e B2, podemos substituí-los na eq. 24-10 e encontrar a equação solução do circuito.


        2.1.3.   Resposta Subamortecida

    Quando α < ωo, as raízes da equação característica são complexas. Então dizemos que a resposta do circuito é subamortecida. Baseado nas eq. 24-07 e eq. 24-08, vamos reescrevê-las de uma forma mais conveniente fazendo a seguinte alteração:

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    eq.   24-11

    Lembrando que podemos escrever j = √-1, então podemos reescrever a eq. 24-11 como:

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    eq.   24-12

    Observe que redefinimos o radicando por um novo parâmetro denominado frequência angular amortecida, ωd, conforme a eq. 24-13 abaixo.

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    eq.   24-13

    Assim, podemos escrever a resposta de um circuito RLC paralelo subamortecido. A equação abaixo é resultado de algumas transformações e uso de algumas propriedades dos números complexos.

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    eq.   24-14

    As constantes B1 e B2 são números reais. Esse coeficientes são determinados da mesma maneira que fizemos para os outros dois casos. Calculamos v(0+) e sua derivada primeira para t = 0+. Resumindo temos

    v(0+)   =   V0   =   B1
    dv(0+) / dt   =   iC(0+) / C   =   - α B1 + ωd B2

    Pela eq. 24-14 percebemos que a resposta é oscilatória devido aos termos trigonométricos, ou seja, a tensão varia entre valores positivos e negativos. A frequência com que essas oscilações ocorrem depende do valor de ωd. Por outro lado, devido a presença da função exponencial, a amplitude das oscilações decresce com o passar do tempo. A rapidez com que a amplitude das oscilações diminui depende de α. Por esse motivo o parâmetro α é chamado de fator de amortecimento ou coeficiente de amortecimento. Isso explica, também, por que o parâmetro ωd é denominado frequência angular amortecida.

    Devemos salientar que na ausência de amortecimento, temos α = 0 e a frequência das oscilações é ωo. Na presença de elemento dissipativo, R, no circuito, α ≠ 0 e como consequência, ωd < ωo. Então, quando α é diferente de zero, dizemos que a frequência de oscilação é amortecida.


    3.   Resposta do Circuito RLC Paralelo ao Degrau

    Deve-se ressaltar que todos os cálculos realizados no item anterior, o circuito não tinha qualquer tipo de fonte de energia. Agora vamos estudar o comportamento do circuito quando este contém fontes de energia.

    Para obtermos a resposta de um circuito RLC à uma função degrau, ou determinamos a tensão entre os terminais dos componentes, ou as correntes nos diferentes ramos. Pode ou não haver energia armazenada inicialmente no circuito.

    A forma mais direta de resolver o problema é calcular primeiro a corrente no ramo indutivo. Esta corrente tem particular interesse por que não tende a zero para grandes valores de t.

    A solução da equação diferencial de segunda ordem com uma função forçante no segundo membro é igual à soma da resposta natural com a resposta forçada. Assim, para o caso da função degrau que tem um valor constante, a solução pode ser escrita como:

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    eq.   24-15

    Isto para o caso da corrente. No caso da tensão, o formato é o mesmo. Então:

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    eq.   24-16
    Onde If e Vf representam o valor final da corrente e da tensão na função resposta.