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Figura 22-01

    De posse dessas informações, vamos apresentar a equação que permite determinar a corrente elétrica no capacitor em qualquer instante.

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     eq.  22-01

    Observe que para t = 0, a exponencial fica elevada a potência zero, e como sabemos, qualquer número elevado a potência zero é igual a UM. Então, concluímos que teremos uma corrente circulando pelo circuito igual a ic = V / R, como foi dito anteriormente. Com o passar do tempo, ou seja t > 0, a exponencial fica elevada a uma potência negativa, fazendo com que a corrente no circuito seja reduzida de forma exponencial. E quando t → ∞  a corrente tenderá a zero.

    É fácil perceber que quando a corrente elétrica vai tendendo a zero, a tensão sobre o capacitor aumenta exponencialmente até atingir a tensão elétrica da fonte de tensão. Assim, podemos escrever a equação que determina essa carga, ou:

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    eq.   22-02

    Conhecendo essas equações podemos apresentar os gráficos que mostram o comportamento de um circuito RC.

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Figura 22-02

    Vemos na Figura 22-02 o gráfico de como o capacitor adquire sua carga elétrica ao longo do tempo. Observe na figura, que para um tempo igual a uma constante de tempo, o capacitor adquire 63,2 % da sua carga total. Após duas constante de tempo, já chega a 86,5 % da sua carga total. Na prática, consideramos que após cinco constante de tempo, o capacitor alcança sua carga elétrica máxima.

    Quando o capacitor alcança sua carga elétrica máxima, dizemos que o circuito alcançou o estado de Regime Permanente. Isto significa que caso o circuito não sofra nenhuma perturbação elétrica posterior, o circuito tende a se manter nesse estado indefinidamente.

    Agora, fique atento para o fato que a medida que a tensão no capacitor cresce, obviamente a tensão sobre o resistor decresce, haja vista que a fonte de tensão possui um valor fixo (constante). Então, a soma   Vc + VR   deve ser igual a V. Portanto, quando o capacitor adquire sua carga máxima, a tensão no capacitor é V e, naturalmente, sobre o resistor temos VR = 0. Perceba que todas estas situações estão perfeitamente de acordo com as equações apresentadas acima.

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Figura 22-03

    Na Figura 22-03 temos o gráfico da corrente elétrica através do capacitor. Como resistor e capacitor formam um circuito série, então esta corrente elétrica é a mesma que circula pelo resistor. Assim, concluímos que o gráfico da tensão sobre o resistor tem o mesmo aspecto que o gráfico da corrente elétrica no capacitor.

    Note que quando a tensão elétrica no capacitor cresce (veja figura anterior), simultaneamente a tensão elétrica sobre o resistor decresce. Além disso, este gráfico também representa a queda de tensão sobre o resistor, bastando substituir no eixo vertical ic por VR. Em qualquer instante considerado vale a relação V = VC + VR.


    3.   Resolução de Problemas

    Como dito anteriormente, vamos analisar o comportamento dos circuitos RC através de equações matemáticas que nos levem a solução dos problemas. Frequentemente deveremos usar equações diferenciais para a solução dos mesmos.

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Figura 22-04

    Seja o circuito mostrado na Figura 22-04 onde colocamos a chave S na posição 1, permitindo que o capacitor adquira carga elétrica através da resistência de 10 ohms. Sabemos que, inicialmente, a tensão sobre o capacitor é VC = 0 volt. Então, o capacitor começa adquirir carga e a sua tensão elétrica aumenta exponencialmente.

    A velocidade de carga depende da constante de tempo do circuito formado pela resistência de 10 ohms e o capacitor de 10 µF. Como conhecemos o valor dos componentes, podemos calcular a constante de tempo τ, dada por:

    τ = R C = 10 Ω x 10 x 10-6 F = 10-4 s = 100 µs

    De posse desse valor, podemos escrever a equação da corrente de carga do capacitor i1, ou:

    i1 = 50/10 e-t/100µs = 5 e- 10000t

    Da mesma forma, podemos escrever a equação que expressa a tensão elétrica sobre o capacitor, ou seja:

    VC = 50 (1 - e-t/100µs) = 50 (1 - e- 10000t)

    Com isso, estabelecemos o comportamento matemático deste circuito. Perceba que agora podemos calcular o valor de i1 e VC a qualquer instante.

    Vamos supor que desejamos saber o valor de VC no instante t = 250 µs. Basta substituir este valor de t na equação acima e teremos o valor, ou:

    VC = 50 (1 - e- (250/100)) = 50 (1 - e- 2,5) = 45,9 V

    Em outras palavras: após 2,5 vezes a constante de tempo do circuito, o capacitor já está com 91,8% da tensão máxima que ele pode atingir. Isto é o que chamamos de valores instantâneos. Fica claro neste exemplo, que podemos prever em qual instante queremos que o capacitor adquira determinada tensão elétrica, bastando para isso escolher os valores adequados de R e C.

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Figura 22-05

    Vemos na Figura 22-05 um gráfico mostrando como o valor de R modifica a constante de tempo do circuito alterando o tempo de carga do capacitor. Quanto maior R, mais lentamente sobe a carga do capacitor, e vice-versa. Aqui assumimos que o valor do capacitor não foi alterado. Naturalmente que podemos manter o valor de R fixo e variarmos C. Mantendo o raciocínio, concluímos que quanto maior o valor de C, mais lentamente sobe a carga do capacitor, e vice-versa.


    Agora, analisaremos a situação com a chave S na posição 2

    Vamos supor que a chave S tenha ficado 10 constantes de tempo na posição 1. Com isto, garantimos que o capacitor está com a tensão elétrica máxima de 50 volts. Se passarmos a chave S para a posição 2, o capacitor será descarregado pelo resistor de valor 40 ohms. A nova constante de tempo será:

    τ  =  R C  =  40 Ω x 10 x 10-6 F = 40-4 s  =  400 µs

    Repare que como o valor do resistor quadruplicou, a constante de tempo também quadruplicou. Dessa forma, podemos agora escrever as equações para a corrente elétrica i2 e para a tensão elétrica no capacitor, VC.

    i2  =  50/40 e-t/400µs  =  1,25 e- 2500t
    VC  =  50 e-t/400µs = 50 e- 2500t

    4.   Valores Iniciais para Circuito RC

    Até este momento estudamos circuitos onde o capacitor, inicialmente, estava descarregado, ou seja, VC = 0. A partir deste momento vamos analisar circuitos onde o capacitor tem uma carga inicial, quer dizer, VC ≠ 0. Esta diferença de potencial que surge nas extremidades do capacitor é denominada de "tensão inicial". Assim que o interruptor é fechado, o período de transição se inicia e, para todos os fins práticos, podemos considerar o fim deste período após "cinco constantes de tempo". Após esse ponto, entramos na fase conhecida como "regime permanente" ou "estacionário". Para calcular os valores da fase de transição, é necessário utilizar uma equação que nos leve aos resultados desejados. Essa equação é mostrada abaixo.

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    eq.   22-03

    Nesta equação, o significado das variáveis são:

  • VC - tensão no capacitor a qualquer instante t
  • Vi - tensão inicial no capacitor
  • Vf - tensão final no capacitor
  • t - tempo em que queremos calcular a tensão VC
  • τ - constante de tempo do circuito

    Se houver interesse em saber como chegamos a essa equação, Clique Aqui

    Para ver uma aplicação prática do uso dessa técnica, Clique Aqui


    5.   Equivalente de Thévenin

    Muitos circuitos elétricos não apresentam a forma simples que temos estudado até agora. Neste item estudaremos casos mais complexos e por isso deveremos recorrer ao conhecido Teorema de Thévenin. Assim, teremos que encontrar a resistência de Thévenin do circuito para calcularmos a constante de tempo.


    Exemplo -   Vamos examinar um exemplo que aparece na página 291 (exemplo 10.10) do livro de Robert Boylestad [3]. O circuito aparece na Figura 22-06.

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Figura 22-06

    Item a -    Vamos determinar a expressão matemática para o comportamento transitório da tensão Vc e da corrente ic em função do tempo após o fechamento da chave (posição 1 em t = 0 s).

    Considerações -    Repare que temos três resistores no circuito quando a chave S está na posição 1. Para calcularmos a constante de tempo, devemos reduzir a um único resistor, que será a resistência de Thévenin. Vamos aplicar os conceitos que aprendemos no capítulo 15 para calculá-la. Sabemos que devemos curto-circuitar a fonte de tensão. Veja na Figura 22-07 como ficou o circuito modificado para o cálculo da resistência de Thévenin.

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Figura 22-07

    Perceba pelo circuito, que R1 e R2 estão em paralelo. Como já sabemos calcular o paralelo de dois resistores, efetuando o cálculo encontramos o valor de 20 kΩ. E, obviamente, este paralelo está em série com R3, portanto, encontramos para a resistência de Thévenin o valor de:

    Rth  =  20 + 10  =  30 kΩ

    Agora estamos aptos a calcular a constante de tempo do circuito.

    τ = Rth C = 30 x 103 x 0,2 x 10-6 = 6 ms

    De posse do valor da resistência de Thévenin, vamos calcular o valor da tensão de Thévenin. Como sabemos, para isso devemos calcular a tensão a circuito aberto, como nos mostra a Figura 22-08.

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Figura 22-08

    Analisando o circuito acima, percebemos que não haverá corrente elétrica circulando por R3, logo a tensão de Thévenin se resume em calcular a tensão sobre o resistor R2. Ora, R1 e R2 formam um divisor resistivo de fácil solução. Então:

    Vth = V R2/ (R1 + R2) = 21 x 30/ (30 + 60)

    E assim, efetuando o cálculo, concluímos que:

    Vth = 7 V

    Agora é possível construir o circuito equivalente de Thévenin, recolocando o capacitor no circuito da forma como aparece na Figura 22-09.

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Figura 22-09

    Para encontrarmos a expressão matemática que define a tensão elétrica sobre o capacitor no circuito, precisamos usar a eq. 22-03, mostrada abaixo.

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    eq.   22-03

    Através dos cálculos efetuados, definimos os valores inicial e final da tensão sobre o capacitor, ou:

    Vi = 0 V      e      Vf = Vth = 7 V

    Então, substituindo estes valores na equação acima e colocando em evidência os termos semelhantes, encontramos:

    Vc = 7 (1- e- t/6 ms )

    Em outras palavras, para t = 0 temos Vc = 0 pois 1 - e-0 = 0. A medida que t vai crescendo, temos e- t /6 ms tendendo a zero e portanto Vc vai tendendo para a tensão de Thévenin de 7 volts.

    Para determinarmos a expressão matemática que define a corrente elétrica no capacitor, vamos utilizar a eq. 22-01. Para uma melhor compreensão, vamos repeti-la aqui.

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    eq.   22-01

    Veja o circuito na Figura 22-10.

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Figura 22-10

    Neste caso em particular, V é a tensão de Thévenin (7 volts), R é a resistência de Thévenin (30 kΩ) e C é o valor do capacitor (0,2 µF) no circuito. Fazendo a substituição na equação acima e efetuando o cálculo encontramos a expressão matemática que foi pedida no problema.

    ic = 233 µA ( e- t/6 ms )

    O que esta equação diz é que ao ligarmos a chave, ou seja, para t = 0, a corrente que passa pelo capacitor é de 233 µA ( pois e0 = 1). Se t aumenta, a corrente tende para zero, como já era esperado.


    6.   Corrente Elétrica em um Capacitor

    Como um capacitor é formado por dois condutores separados por um material dielétrico ou isolante significa que a carga elétrica não é conduzida através do capacitor. Embora a aplicação de uma tensão aos terminais do capacitor não o faça conduzir cargas através de seu dielétrico, ela pode produzir pequenos deslocamentos de uma carga dentro dele. À medida que a tensão varia com o tempo, esse deslocamento também varia com o tempo, provocando a denominada corrente de deslocamento.

    Nos terminais de um capacitor , a corrente de deslocamento é indistinguível de uma corrente de condução. Assim, podemos afirmar que:

    "A corrrente em um capacitor é proporcional à variação temporal da tensão sobre ele."

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    eq.   22-04

    Observe que a equação eq. 22-04 expressa perfeitamente a definição acima. Dessa forma, é possível tirar duas conclusões:

  • Se a tensão v nos terminais é constante, então a corrente no capacitor é nula, ou i = 0.
  • Se a tensão v no capacitor variar instantaneamente, então i = ∞. Fisicamente, isso é impossível, pois necessitaria de uma potência também infinita. Isso implica que um capacitor não pode sofrer variações de tensão instantânea. Em outras palavras: não podemos ter descontinuidade em v(t).

    A razão da corrente no capacitor ser nula quando a tensão sobre ele é constante é que no material dielétrico não pode ser estabelecida uma corrente de condução. Dessa forma, o capacitor na presença de uma tensão constante comporta-se como um circuito ou malha aberta.


    7.   Tensão Elétrica em um Capacitor

    Trabalhando algebricamente a eq. 22-04 e integrando obtemos a tensão sobre o capacitor quando conhecemos a corrente circulando por ele. Veja a eq. 22-05.

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    eq.   22-05

    O tempo to é chamado de tempo inicial e a tensão v(to) é chamado de condição inicial. Na maioria das vezes fazemos to = 0, um valor conveniente.


    Exemplo

    Seja um capacitor, cuja capacitância é desconhecida, conectado diretamente a uma fonte de corrente de valor dado por:

    i(t)  =  3,75   e- 1,2 t   u-1(t)   A

    E a tensão sobre o capacitor é:

    v(t)  =  4 - 1,25   e- 1,2 t   u-1(t)   V

    Queremos determinar o valor da capacitância do capacitor. Para solucionar este problema vamos usar a eq. 22-05. Então substituindo pelos valores numéricos, temos:

    4 - 1,25   e- 1,2 t  =  (-3,125/C ) (e- 1,2 t - 1 )

    Igualando os coeficientes de e- 1,2 t , obtemos:

    C  =  3,125/1,25  =  2,5   F