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Figura 92-01
gráfico transformador
Figura 92-01A


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Figura 92-02

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Figura 92-03

    6.   Testes em Transformadores

    Para determinarmos os parâmetros de um transformador existem dois métodos que passaremos a estudar. O método do ensaio a vazio ou circuito aberto e o método do ensaio em curto-circuito.


        6.1   Ensaio a Vazio ou Circuito Aberto

    Neste ensaio um enrolamento do transformador está em circuito aberto, ou seja, não há qualquer ligação a ele. O outro enrolamento é conectado a uma fonte de tensão que possua a tensão nominal de linha do transformador. Nessas condições, toda a corrente de entrada deve circular no circuito de excitação do transformador. E como a resistência do enrolamento e a reatância de dispersão são muito pequenas em comparação com Rh e Xm, elas podem ser desconsideradas no modelo. Assim, o circuito de excitação fica submetido a toda tensão de entrada.

    Por outro lado, para que possamos realizar as medidas corretamente, devemos ligar um medidor de potência, um voltímetro e um amperímetro no lado que está conectado a fonte de tensão. Devemos ressaltar que todas as medidas, preferencialmente, devem ser realizadas no lado de baixa tensão do transformador, por medida de segurança. Na Figura 92-04 podemos apreciar como ficam as ligações no transformador.

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Figura 92-04

    O uso do wattímetro permite medir a potência consumida pelo transformador. Além disso, sabemos que um watímetro só mede potência real. Logo, essa potência é a potência consumida por Rh, que representa as perdas por histerese no ferro do transformador. Então, facilmente podemos determinar o valor dessa resistência conhecendo os valores medidos pelo wattímetro e pelo voltímetro. Dessa forma:

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    eq.   92-04

    Além disso, conhecendo a tensão nominal (Vnom) e a corrente Ip podemos calcular a impedância equivalente do circuito de excitação do transformador. Logo:

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    eq.   92-05

    Das três incógnitas, já conhecemos duas. Lembrando que o circuito de excitação é formado por um circuito R-L, na configuração paralelo, devemos ressaltar que a corrente que passa por Rh está em fase com Vnom, porém a corrente que passa por Xm está 90° atrasada em relação à Vnom. Assim, para encontrarmos o valor de Zeq devemos aplicar o teorema de Pitágoras. Então, trabalhando com as admitâncias temos a seguinte relação:

    (1 / Zeq)2 = (1 / Rh)2 + (1 / Xm)2

    Mas estamos interessados é no valor de Xm. Então, trabalhando algebricamente a equação anterior encontramos a seguinte relação:

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    eq.   92-06

    E assim, temos todas as equações necessárias para calcular as variáveis de interesse referente ao circuito de excitação ou magnetização do transformador.


        6.1.1   Fator de Potência em Circuito Aberto

    No enunciado de muitos problemas encontramos a necessidade de calcular o fator de potência do transformador a vazio. O wattímetro lê a potência real que está sendo consumida pelo transformador. Como as perdas no cobre são muito pequenas em função da corrente a vazio, então elas podem ser desconsideradas. Dessa forma, podemos escrever que a potência lida pelo wattímetro é dada por Wo = V1 Ip cos φo. Daí, tiramos que:

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    eq.   92-07

    Assim, conseguimos calcular o fator de potência do transformador a vazio, aqui representado por cos φo e, na prática, pode variar entre 0,1 e 0,3.


        6.2   Ensaio em Curto-circuito

    Para determinarmos as componentes R1, R2, X1 e X2 utilizamos então, o ensaio em curto-circuito. Este ensaio consiste em colocarmos o secundário do transformador em curto-circuito. No primário do transformador, ligamos um equipamento chamado variac, ou outro equivalente, que permita variar a tensão do primário até atingirmos no secundário a corrente nominal especificada pelo fabricante do transformador. Essa corrente será considerada a corrente de curto-circuito que denominaremos de Icc. Neste ponto, anotamos a tensão lida pelo voltímetro (Vcc), a corrente lida pelo amperímetro (Icc) e a potência (Wcc) consumida pelo transformador. Repare que a tensão no primário será uma parcela pequena da tensão nominal, geralmente, algo variando entre 2% a 12%. Na Figura 92-05 vemos o circuito equivalente para o ensaio em curto-circuito com o primário sendo referido ao secundário. Observe que podemos desconsiderar o circuito de excitação do transformador, pois a corrente que passará por este circuito é muito pequena quando comparada à corrente nominal do transformador. Como foi afirmado anteriormente, a tensão aplicada ao primário é uma pequena parcela da tensão nominal. Sob estas condições, as perdas no núcleo, que variam com o quadrado da tensão, podem ser desconsideradas.

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Figura 92-05

    Do circuito acima podemos expressar a impedância equivalente do transformador como:

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    eq.   92-08

    Por outro lado, podemos calcular essa impedância usando a informação da leitura do amperímetro (Icc) e a leitura do voltímetro (Vcc).

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    eq.   92-09

    Sabemos que um wattímetro mede a potência real, ou seja, a potência dissipada em componentes resistivos. Assim, este dado permite calcular o valor da resistência equivalente do circuito em conjunto com a leitura efetuada pelo wattímetro e amperímetro. Logo, temos:

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    eq.   92-10

    Já conhecemos duas das três variáveis envolvidas no problema. Usando esses dados, podemos calcular a terceira variável, ou:

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    eq.   92-11

    Atente para o fato que estamos usando a afirmação feita anteriormente (item 2. "atenção" ou Aqui!), que em um transformador real as resistências e reatâncias de primário e secundário são projetadas para que sejam iguais ou muito próximas, naturalmente, respeitando a relação de transformação.

    Neste ponto, vamos distinguir as variáveis quando forem referidas ao primário ou ao secundário através de aspas simples ou aspas duplas. Assim, quando escrevermos R'eq, X'eq ou Z'eq estaremos nos referindo a valores referidos ao PRIMÁRIO de resistência, reatância e impedância, respectivamente. E quando escrevermos R"eq, X"eq ou Z"eq estaremos nos referindo a valores referidos ao SECUNDÁRIO de resistência, reatância e impedância, respectivamente.

    Dessa forma, quando as impedâncias forem referidas ao secundário podemos fazer as seguintes aproximações:

    R"eq = ( R1/ a2) + R2
    X"eq = ( X1/ a2) + X2

    Se houver interesse em referir ao primário, podemos escrever:

    R'eq = R1 + a2 R2
    X'eq = X1 + a2 X2

    Além disso, baseado no modelo real do transformador podemos escrever que:

    R2 = R1/ a2
    X2 = X1/ a2

    Portanto, concluímos que os valores de R2 e X2 são calculados por:

    R2 = R"eq/ 2
    eq.   92-12
    X2 = X"eq/ 2
    eq.   92-13

    E obviamente, os valores de R1 e X1, já referidos ao primário, são calculados por:

    R1 = a2 R2 = R'eq/ 2
    eq.   92-14
    X1 = a2 X2 = X'eq/ 2
    eq.   92-15

    Seguindo a mesma linha de raciocínio, podemos facilmente comprovar a validade das relações descritas abaixo:

    R'eq = a2 R"eq
    X'eq = a2 X"eq
    Z'eq = a2 Z"eq

        6.2.1   Fator de Potência em Curto-Circuito

    Muitas vezes também é necessário calcular o fator de potência do transformador em curto-circuito. Como o wattímetro lê a potência real que está sendo consumida pelo transformador e, neste caso, as perdas no ferro são muito pequenas em função da corrente de curto-circuito, então elas podem ser desconsideradas. Dessa forma, podemos escrever que a potência lida pelo wattímetro é dada por Wcc = Vcc Icc cos φcc, lembrando que Icc = I2, onde I2 é a corrente nominal do secundário do transformador. Daí, tiramos que:

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    eq.   92-16

    Assim, conseguimos calcular o fator de potência do transformador em curto-circuito, aqui representado por cos φcc.


    7.   Regulação de um Transformador
    Como foi visto no item anterior, os parâmetros do transformador relativos aos enrolamentos são constantes e independem da corrente. Porém, a tensão de saída no secundário do transformador sofre variações em função da carga. Dessa forma, vamos definir Regulação de um transformador para uma dada carga como:
    Definição - "A relação entre a variação de tensão que ocorre no secundário com e sem carga e a tensão do secundário com carga, mantendo constante a tensão primária V1."
    Normalmente a regulação é expressa em porcentagem. Na eq. 92-17 vemos a relação entre essas variáveis.
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    eq.   92-17

    Nessa equação, temos que E2o representa a tensão do secundário sem carga, e V2 representa a tensão do secundário a plena carga, ou seja, é o valor da tensão nominal do transformador. Assim, a regulação depende da impedância equivalente do transformador. Quanto menor a impedância equivalente do transformador, melhor será a regulação. Outro fator que interfere na regulação é o fator de potência da carga. Sabemos que a tensão nominal do transformador fornecida pelo fabricante é a tensão que aparece nos terminais de saída do transformador quando este opera a plena potência. Nesse caso, a corrente I2 fornecida à carga pelo secundário é constante.


        7.1   Influência do Fator de Potência da Carga

            no Valor de E2

    Levando-se em consideração a eq. 92-17, vemos que a subtração das duas tensões que aparecem no numerador pode ser tratada com um ΔV, ou seja, é a queda de tensão na impedância interna do transformador. Esse ΔV é variável e fica em função do valor do ângulo da impedância da carga (φ2), pois estamos considerando a corrente do secundário constante. Assim, temos três possibilidades: carga indutiva, resistiva ou capacitiva.

    Para estudar o valor de ΔV nas diferentes condições de carga, vamos usar o diagrama do transformador construído de uma forma alternativa, conhecido como diagrama de Kapp.

    Para construir esse diagrama, é necessário conhecer previamente os valores da resistência e da reatância do transformador, referidas ao secundário. Assim, mantendo a convenção adotada, temos que, R''eq = R1 / a2 + R2   e   X''eq = X1 / a2 + X2. Usaremos como base o circuito mostrado na Figura 92-06. Observe que este circuito é a representação do circuito equivalente do transformador referido ao secundário, conforme mostra a Figura 92-03.

circuito referencia
Figura 92-06

    Para a elaboração deste diagrama, vamos usar a corrente do secundário (I2) a plena carga. Assim, constrói-se o triângulo OAB, que possui o cateto OA = R''eq I2. Observe que esse cateto está em fase com I2. O outro cateto, AB, representa a queda de tensão na reatância ou, AB = X''eq I2. Esse cateto está em quadratura (90°) em relação à I2. É claro que a hipotenusa (OB) desse triângulo representa a queda de tensão na impedância do transformador, OB = Z''eq I2. Esse triângulo é conhecido como o triângulo fundamental do transformador.

    Com centro em O, traçamos uma circunferência (em azul) com raio equivalente à tensão a vazio E2o. Cada fasor, por exemplo, BC, representa a tensão V2 que aparece nos bornes do transformador quando este fornece a corrente elétrica I2 defasada de um ângulo φ2 em relação à BC. Observe que, o triângulo assim construído traduz de fato a relação fasorial E2o = V2 + R''eq I2 + X''eq I2, que é a conhecida equação relativa ao circuito equivalente referido ao secundário do transformador e construída a partir do circuito da Figura 92-06.

diagrama regulação trafo
Figura 92-07

    Agora, com centro em B, vamos traçar uma segunda circunferência (em vermelho) que possui ainda o raio da tensão a vazio E2o. Da Figura 92-07, percebemos que o segmento CD representa a diferença aritmética entre E2o e V2, ou seja, é a queda de tensão na impedância interna do transformador quando funcionando a plena carga e a carga possuindo um ângulo de defasagem φ2. Variando o fator de potência da carga, a queda de tensão sobre a impedância interna do transformador varia de acordo com o mostrado no gráfico da Figura 92-07. Note que, quando φ2 = 0 a carga é resistiva e a tensão V2 é representada pelo segmento BE estando em fase com I2. Neste caso, a queda de tensão está representada por ΔV'.

    Cabe ressaltar que quando o ponto C passa pelo ponto M, temos ΔV = 0, ou seja, a tensão de saída nos terminais do secundário do transformador terá o mesmo valor tanto no funcionamento a vazio, como com carga. Também é possível concluir que, do ponto E para cima, representa uma carga indutiva, e para baixo, representa uma carga capacitiva.


    8.   Eficiência de um Transformador

    A eficiência (também chamada de rendimento) de um transformador, representado pela letra grega η, é definida como a relação entre a potência elétrica P2 fornecida pelo secundário à carga e a potência elétrica P1 correspondente, absorvida da rede pelo primário do transformador.

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    eq.   92-18

    Devemos lembrar que um transformador apresenta perdas de potência por efeito Joule devido à resistência ôhmica dos enrolamentos e são chamadas, genericamente, de perdas no cobre. Para esta perda usaremos o símbolo Pcu. Além dessa, temos as perdas no ferro utilizado na confecção do núcleo dos transformadores. Essas perdas são devidas às perdas por histerese e pelas correntes parasitas. Para essa perda usaremos o símbolo Pfe.


    8.1   Perdas no Cobre

    Para as perdas no cobre em um transformador monofásico, claramente podemos determiná-las pela equação abaixo.

    Pcu = R1 I12 + R2 I22

    Sabemos que a = I2 / I1, ou I2 = a I1. Assim, substituindo na equação anterior, vamos encontrar: Pcu = I12 ( R1 + R2 a2). Mas, observe que R1 + R2 a2 é a resistência equivalente (R'eq) do enrolamento quando referido ao primário. Dessa forma, obtemos a equação:

    Pcu = R'eq I12
    eq.   92-19

    Usando a mesma linha de raciocínio do parágrafo anterior, obviamente podemos escrever que:

    Pcu = R"eq I22
    eq.   92-20

    Concluímos então que, as perdas no cobre é diretamente proporcional ao quadrado da corrente absorvida pelo primário ou fornecida à carga pelo secundário do transformador. Em outras palavras, se a carga variar, as perdas no cobre também variam.


        8.2   Perdas no Ferro

    Contrariamente às perdas no cobre, as perdas no ferro não dependem da corrente na carga. Dessa forma, eletricamente, são uma constante e representadas por Pfe.

    No caso dos transformadores, para reforçar o campo magnético, as bobinas são enroladas sobre núcleos de ferro de baixa relutância. Naturalmente, esses materiais são condutores e estão sob a ação de campos magnéticos variáveis. Devido à esse fato, no núcleo são induzidas correntes parasitas (eddy currents), designadas por correntes de Foucault e geram três efeitos, como descritos abaixo.

  • Aquecem o material por efeito Joule
  • Originam campos magnéticos que se opõem ao campo exterior, enfraquecendo-o.
  • Geram forças eletromagnéticas.

    As correntes de Foucault provocam perdas que procura-se reduzir com a utilização de núcleos que possuem resistência elétrica elevada. A soma das perdas por histerese e às devidas às correntes de Foucault originam ao que se denomina por perdas no ferro e se fazem presente em todas as máquinas elétricas.

    No capítulo 93 temos um estudo mais elaborado a respeito das perdas no ferro de um transformador. O leitor pode acessar:   Perdas no Ferro - Veja aqui!.


        8.3   Potência na Carga

    A potência real que o secundário do transformador entrega à carga é dada por:

    P2 = V2 I2 cos (φ2)
    Onde V2 é a tensão sobre a carga, I2 é a corrente do secundário do transformador que circula pela carga e cos (φ2) é o fator de potência da carga. Cabe ressaltar que V2 não é a tensão nominal do secundário do transformador e sim, a tensão sobre a carga, onde levamos em consideração a queda de tensão sobre R2 e X2.

       8.4   Equação da Eficiência

    Neste item vamos reescrever a equação da eficiência de uma forma mais abrangente levando em consideração o que foi estudado no item 8. Devemos salientar que a potência que o primário absorve da fonte pode ser expressa como a potência fornecida pelo secundário somada as perdas no cobre e mais as perdas no ferro. Ou seja:

    P1 = P2 + Pfe + Pcu

    Substituindo os valores dessas duas últimas equações na eq. 92-18 podemos expressar a equação da eficiência como:

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    eq.   92-21

    Na equação acima, escrevemos P2 como V2 I2 cos φ2 e as perdas no cobre, PCu como R"eq I22 onde R"eq é a resistência equivalente do transformador referida ao secundário. Lembre-se que R"eq I22 = R'eq I12, onde R'eq é a resistência equivalente do transformador referida ao primário.


        8.5   Maximização da Eficiência

    Analisando a eq. 92-21 podemos perceber que a eficiência de um transformador é dependente da corrente do secundário, I2, corrente esta que circula através da carga. Para encontrarmos as condições necessárias para que ocorra a maximização da eficiência devemos derivar a eq. 92-21 em relação a I2 e igualarmos o resultado a zero. Deixamos a cargo do leitor fazer esta derivação. O resultado a ser encontrado será:

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    Assim, para maximizarmos a eficiência de um transformador, é fundamental equilibrar as perdas no cobre com as perdas no ferro. Isso é conhecido como condição de perdas iguais e é um aspecto fundamental no design de transformadores. As perdas no cobre são causadas pela resistência elétrica dos enrolamentos, enquanto as perdas no ferro são devidas principalmente à histerese e correntes parasitas no núcleo de ferro. Ajustar o projeto para que essas duas perdas sejam iguais permite que o transformador opere em seu ponto ótimo de eficiência, o que não só economiza energia, mas também aumenta a vida útil do equipamento. Esse equilíbrio é alcançado mediante uma cuidadosa seleção de materiais, dimensionamento dos componentes e configuração do circuito magnético.

        8.6   Fator de Carga

    Nem sempre o transformador trabalha com a carga máxima que ele pode suportar. Via de regra, isso não acontece. Para evidenciar essa situação, temos o chamado fator de carga, que é definido como a relação entre a potência fornecida pelo transformador à carga e sua potência nominal. Assim, por exemplo, para um transformador que possua uma potência nominal de 100 kVA, mas alimenta uma carga de 80 kVA dizemos que o fator de carga do transformador é de 80%. Isto implica dizer que:

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    Onde as variáveis são:

  • Fc - fator de carga, também conhecido como carregamento.
  • SL - potência que a carga retira do transformador.
  • Snom - potência nominal do transformador, ou seja, é a potência máxima que o transformador pode entregar à carga.

    Repare que as duas equações acima expressam a mesma variável, ou seja, fator de carga. A equação de cima expressa um número que varia entre 0 e 1 e a de baixo expressa um valor em porcentagem, que varia entre 0% e 100%. Muitos enunciados de problemas apresentam o fator de carga como um valor em porcentagem.


        8.7   Conclusões sobre Eficiência

    Por todos os argumentos apresentados neste item, fica claro que a eficiência de um transformador depende do fator de potência da carga e do fator de carga do transformador. Então, se alterarmos essas duas variáveis também estaremos alterando a eficiência do transformador.

    Vamos fazer uma alteração na eq. 92-21 incluindo o fator de carga. Dessa forma, a equação fica:

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    eq.   92-22

    Note que o fator de carga do transformador está multiplicando todas as variáveis que dependem da corrente no secundário do transformador, exceto as perdas no ferro, pois esta, como já afirmamos, independe da mesma.

    Nessa equação as variáveis são:

  • Fc - fator de carga, também conhecido como carregamento.
  • cos φ2 - fator de potência da carga.
  • Pfe - perdas no ferro do transformador.
  • Pcu - perdas no cobre dos enrolamentos do transformador.
  • Snom - potência nominal do transformador, ou seja, é a potência máxima que o transformador pode entregar à carga.

    Uma fórmula alternativa para calcularmos a eficiência como um valor em porcentagem é mostrada abaixo. As variáveis são as mesmas da eq. 92-22.

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    eq.   92-23

    9.   Classificação dos Transformadores
    Os transformadores são frequentemente classificados de acordo com suas aplicações. A seguir, vamos enumerar os principais tipos de transformadores.
  • Transformador de Potência - Esse tipo de transformador é usado junto às estações geradoras de energia com a finalidade de elevar a tensão para alimentar as linhas de transmissão. Na outra ponta da linha de transmissão, é usado para reduzir a tensão na subestação abaixadora. Esses transformadores são de alta potência, normalmente acima de 500 kVA e são projetados para ter baixas perdas no cobre.

  • Transformador de Distribuição - Esse tipo de transformador é instalado em subestações abaixadoras de tensão. São energizados continuamente, causando perdas no ferro nas 24 horas diárias de uso. Em geral, a carga flutua desde a vazio até a plena carga. Para obter alta eficiência, tais transformadores são projetados com baixas perdas no ferro.

  • Transformador de Potencial (TP) e Corrente (TC) - Esse tipo de transformador tem a finalidade de reduzir os valores de tensão e corrente do sistema em valores mensuráveis por equipamentos adequados. Também podem ser usados juntamente com equipamentos de proteção.

    Atenção: o Transformador de Corrente nunca deverá permanecer com o seu secundário em aberto enquanto o seu primário estiver energizado, pois desta forma, será desenvolvida uma alta tensão no secundário e não haverá uma força contraeletromotriz para limitar o fluxo de corrente. Dessa forma, haverá um aumento de fluxo magnético causando uma perda excessiva no núcleo, por aquecimento. A elevada tensão no secundário e o fluxo magnético poderá danificar totalmente o TC e colocará em risco a vida dos operadores.


  • Transformador de Testes - Esse tipo de transformador é usado ​​para aumentar a tensão a um valor muito alto para realizar os testes sob alta tensão, por exemplo, para testar a rigidez dielétrica de um transformador a óleo.

  • Autotransformador - Esse tipo de transformador é usado ​​para aumentar ou abaixar a tensão para que atenda a especificação de um determinado uso. É formado por um único enrolamento com derivação. Dependendo de como é conectado pode ser um transformador abaixador ou elevador de tensão.

  • Transformador Isolador - Esse tipo de transformador é usado ​​para isolar eletricamente circuitos eletro/eletronicos da linha elétrica de alimentação. Nesse caso, a relação de transformação é igual a um.

  • Transformador Casador de Impedâncias - Esse tipo de transformador é usado na saída de amplificadores de potência ou entrada de amplificadores para que haja o casamento de impedâncias e, consequentemente, a máxima transferência de potência.